Este log ganhou o concurso de melhores logs de Dezembro de 2013.
Segundo dia consecutivo a sairmos de casa bem cedo, numa viagem apenas entre pai e filha.
No dia anterior rumámos a Tomar pelas 06.30, hoje pelas 07.30 estávamos a rumar para Badajoz com um plano mental de visitar Juromenha, o Forte da Graça, passar por Vila Viçosa, rumar a Évora e acabar a nossa viagem ao entardecer no Cromeleque dos Almendres a comer chocolate e a saborear os últimos raios de sol de um dia que esperávamos longo e cheio de vida.
Depois dos habituais caramelos em Badajoz rumámos a Juromenha e foi a primeira cache e o primeiro momento alto do dia. Depois foi a vez de chegar a este belo promontório e saborear umas tangerinas que deixavam aquele odor no ar que tanto gostamos.
Fizemos isto a contemplar aquela que seria uma das cerejas no topo do nosso dia. O Forte da Graça sempre foi algo que desejamos conhecer e muita da responsabilidade devesse ao Makoshark2 (Daniel Santos) pelo fantástico Timelapse que fez do local.
Era a hora de entrarmos e de nos perdermos.
Quando olhamos para o que resta das letras em ferro do nome do forte. Vi as letras a completarem-se da mesma forma como está na edição do Timelapse.
Fico sempre dividido quando encontro locais como estes. Existe sempre uma beleza estranha nestas ruínas, nestes escombros, nestes pedaços de um tempo de declínio. Eles representam a apoteose do desleixo a que deixamos chegar as coisas. Não respeitamos nem preservamos de forma digna o nosso passado.
Mas esta é a realidade com que nos habituámos a viver e ficamos sempre como testemunhas destes tempos. Explorámos sempre à espera de encontrar um tesouro libertador, de fazermos uma foto que eternize o momento, de respirarmos o local e saquearmos o máximo de sensações que o local nos possa dar. Hoje num dia estranho em que a mãe e o pequeno João ficaram em casa, sentimos a nostalgia da sua ausência. Voltaremos aqui com eles, para também eles viverem este frémito, esta satisfação de contemplar este horizonte tão vasto.
E assim andámos por ali como se mais nada importasse. Cada corredor, mais uma descoberta, cada escada mais uma sensação mais um momento vivido em conjunto. Estarmos apenas só nós permitiu uma aproximação diferente, tínhamos que ser só nós a decidir o rumo a tomar e as conversas a ter……. e isso foi muito bom. Nunca estivemos longe um do outro, mas hoje sem dúvida estivemos muito mais perto.
Encontrámos essa realidade nesta viagem por escombros, ruínas e outras belas paisagens. Hoje descobrimos que não existe distância entre pai e filha.
Hoje fomos mais uma vez adultos e crianças.
Brincámos com o que era sério e fizemos de brincadeiras coisas sérias. Estivemos aqui bem presentes mas sempre com a nostalgia dos ausentes e até sentimos a falta das patifarias do pequeno João.
Sentimos a falta daquelas frases:
”João não atires pedras lá para baixo”
”João anda para aqui que ainda cais”
”João anda lá que é só mais um bocadinho”
Mas ouvimos esse murmúrio por onde quer que andássemos.
E foi assim no meio deste turbilhão de um dia calmo, que encontrámos a cache da Casa do Governador e as palavras ditas e as não ditas e a cumplicidade entre nós. E foi este mais um dia daqueles que queremos repetir muitas vezes.
Quando demos por nós, estávamos a saborear um chocolate no Cromeleque dos Almendres num entardecer frio mas que tornámos quente e arrebatador. Um Chocolate com sabor a vida e pedaços mágicos.
Quando chegámos a casa quase que não acreditávamos que o nosso dia tinha sido assim e que tínhamos vivido tantas coisas.
P.S. (na verdade o chocolate Espanhol apesar de ter pedaços de avelã não era grande coisa…)
TFTC
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