Ida às Aranhas

pascoa - 2006/04/18

10 de Março de 2006 – Capas Negras City GeoMitup

Eu: “Então meu, quando vamos às aranhas?”
Cláudio: “Não sei, um dia destes”

5 minutos depois…

Eu: “Mas e ir às aranhas?”
Cláudio: “Tu andas obcecado com elas, pah”
Eu: “Já estive para lá ir mas tive de abortar, tenho de lá ir.”

15 minutos depois…

Eu: “Mas afinal como estamos de aranhas?”
Cláudio: “Xiça pró homem.”
Eu: “Que me dizes sexta-feira santa?”
Cláudio: “Hmmm… não é mau dia, podemos ver isso.”

Foi mais ou menos assim que a ideia de ir às aranhas começou e felizmente se concretizou.

14 de Abril de 2006 – Sexta-feira Santa

Marcado o ponto de encontro em Braga onde estava eu, a Luísa, o Cláudio “Clcortez”, Hugo e Sara “Rebordão”, pelas 06:30 da manhã, os 2 casais meus amigos, Pedro e Susana, Luís e Céu, compareceram à hora marcada e por volta das 07:15 seguimos viagem em direcção à Portela do Homem. O Ricardo “Walcarr” foi directo e íamo-nos encontrar junto ao início do trilho.

Quando chegamos à ponte do Rio Homem, o Ricardo e o colega Adriano já estavam todos equipados e prontos para subir e assim o fizeram enquanto o Cláudio e o Luís foram estacionar os veículos junto à fronteira.

Tirada a fotografia de grupo começou-se a subir, eram 08:45.

Antes do grande incêndio que houve naquela zona, eu acampava a 200 metros da ponte e em miúdo cheguei a fazer uma parte do trilho até às minas mas já não me lembrava de nada.

O início da caminhada começou a bom ritmo com o pessoal animado e a admirar a paisagem que a serra nos apresentava ao som da água a correr do Rio Homem que nos acompanhava durante grande parte da subida. Foram várias as lagoas que a natureza criou ao longo do percurso. Estas devem estar repletas de pessoas nos meses de verão como se pode comprovar pelos caminhos criados que descem até ao rio.

Passamos pela Fonte da Abilheira, pela Ribeira Água da Pala do nosso lado direito e a Encosta do Sol do outro lado da margem do Rio Homem, já com cores da Primavera, sempre na treta sobre os mais váriados assuntos.

O ritmo de subida continuava bom (média de 4,2 km/h) e o Cláudio ia contando histórias da subida durante a “From Heavens to Spiders Expedition”. Perguntei-lhe se as minas ficavam por trás de um monte que se via ao fundo, mas afinal aquilo era só meio caminho até às minas. “Ahhhh que bom.”, exclamei.

Entretanto o piso começava a endurecer com as mundialmente famosas rolling stones, mas a vontade de atingir o objectivo mantinha-se inalterada. Fizemos uma pequena pausa junto à cascata para relaxar um pouco e comer alguma coisa para retemperar as forças para o resto do caminho.

Retomando a marcha, finalmente conseguimos apanhar os 2 elementos que saíram poucos minutos antes de nós, mas que mantiveram um ritmo constante e bastante bom. O Ricardo apresentava sinais de fadiga mas, cheio de vontade de não desistir.

Com o grupo compacto continuamos a subir os últimos quilómetros passando pelo miradouro, pela cascata do outro lado do rio (com menos água que em Outubro), por um pequeno dique com vários montes de pedras perto (várias possibilidades sobre a sua função foram levantadas na altura) e chegou-se à zona mais plana e recta final na chegada aos carris.

Quando chegamos aos carris várias pessoas, incluindo eu, ficaram admiradas com a construção das casas que não aparentavam ser dos anos 30 ou 40, já que as minas foram desactivadas nos anos 50, mas bem mais recentes que isso. Decidimos parar para almoçar, descansar um pouco e apreciar a paisagem.

Houve quem ainda aproveitasse para dormir, ouvir música ou até esconder uma cache. Passou a ser 2 em 1.

De cima do rochedo podíamos ver para Este Pitões das Junias, Tourém e ligeiramente mais para Sul a barragem da Paradela, e do Alto Rabagão (ou de Pisões) e a Norte imponente e de sorriso matreiro o Pico da Nevosa, objectivo final.

Entretanto a Sara sentiu que o joelho não estava nas melhores condições e tomando as medidas necessárias, seguimos em direcção à barragem podendo apreciar o vale à nossa direita e começamos a descer para o local onde Portugal acaba e Espanha começa. O Cláudio mencionou logo que o muro de pedras que delimita a fronteira está uns bons 10 metros para dentro de Portugal comparando com os marcos. O cansaço já era algum mas a alegria de estar perto do objectivo era maior.

Foi altura de decidir por onde atacar a Nevosa, por sul como fizeram os Cacheiros Viajantes ou em frente como fizeram na “From Heavens to Spiders Expedition”. Acabamos por arranjar uma terceira e que nos pareceu mais correcta, contornando o último obstáculo por Norte através de Espanha, já que a distancia era menor e a subida menos íngreme.

Finalmente estávamos prontos para atacar o pico final e sem demoras foi isso que fizemos, passava pouco das 14:00. O Ricardo num último sacrifício lá ganhou as forças necessárias para subir até lá cima e todos andamos à procura da cache. Todos não, o Cláudio deliciava-se com o que via à sua frente. E foi com bastante surpresa, ou não, que as mulheres descobriram o local da mesma, após ter sido proferida uma frase que vou deixar para o Cláudio relatar.

Depois dos logs feitos, trocas de prendas e um último olhar em redor do alto da Nevosa, estava na altura de ligar o tracback e voltar ao ponto de partida, mas antes decidimos presentear os participantes com uma pequena surpresa.

De regresso aos Carris estava na altura de assar as chouriças caseiras de Trás-os-Montes que tinha trazido comigo, em segredo. Toca a sacar da mochila o assador, fósforos,  aguardente, tábua, faca e garfo para a patuscada. Juntou-se-lhe um salpicão e estava tudo pronto, infelizmente esqueci-me do pão de centeio para acompanhar, mas acho que não se importaram muito.

O Ricardo e o Adriano não puderam saborear o repasto pois já tinham começado a descer, fica para a próxima.

Arrumada a trouxa, faltavam 9km para acabar esta aventura. Começou-se a descer e à medida que as minas iam desaparecendo nas nossas costas, a paisagem que estava perante nós, embora fosse a mesma de há horas atrás, tinha outro significado. Fomos descendo uns mais rápido, outros mais devagar, mas mais importante de tudo, cada um ao seu ritmo.

Nesta fase as pedras rolantes ainda são piores inimigas, pois um pé em falso pode provocar mossa, especialmente aos que já se recentem do esforço. Umas pausas para voltar a apreciar a paisagem e aproveitar para descansar um bocado foram bem-vindas.

Os últimos quilometros foram de bastante sacrificio para a Luisa, pois os joelhos já estavam a chegar aos limites, apenas a vontade de terminar e a abstração das dores conseguiam superar as dificuldades.

Finalmente a estrada ao fundo, o Luís e o Cláudio já tinham ido buscar o carro com o restante pessoal e o merecido descanso chegou. Cansados, exaustos, doridos e ofegantes mas acima de tudo felizes por ter conseguido cumprir o objectivo principal.

Faltava a fotografia de grupo no final e pusemo-nos a caminho de Braga, fazendo um pequeno desvio antes. Como prémio pelo esforço e sacrificio, fomos ao restaurante do Sr. Pinto e da D. Maria comer uma bela de uma picanha que soube pela vida.

Obrigado Pedro (Pcardoso), pela cache e por nos por a superar os nossos limites, custa mas compensa, e bastante.

Obrigado ao Pedro (Zoom_bee) e ao Manuel (MAntunes) pela preocupação.

Queria agradecer a todos os que nos acompanharam, Cláudio, Hugo e Sara que vieram de Lisboa, ao Pedro, Susana, Luis, Céu e Adriano que vieram do Porto.

Queria dar os parabéns muito especiais ao Ricardo por ter conseguido realizar esta etapa, que me parecia à partida impossível. Felizmente enganei-me redondamente, PARABÈNS CARAGO.

Mando um beijinho especial à Luísa, por me ter acompanhado nesta aventura.

E assim termina o relato desta aventura. Espero que mais este relato a esta fabulosa cache, incentive os restantes geocachers portugueses a fazerem-na.

Peace.

Albuns de Fotos do cache-me-if-u-can gang:

9 responses so far ↓

  • 1 bargao_henriques // Apr 18, 2006 at 16:29

    Ai que saudades…
    Adoraria ter participado convosco nesta nova expedição "Às Aranhas"!
    Adorei o relato, que me fez relembrar o que senti quando lá estive…
    Parabéns a todos!

  • 2 danieloliveira // Apr 18, 2006 at 19:47

    …na quarta expedição……tb vou!

  • 3 clcortez // Apr 18, 2006 at 21:26

    Não tenho palavras, este relato está EXCELENTE!!:) Parabéns Páscoa, está tudo ao pormenor!

    Realmente só falta aqui relatar uma coisa…a parte da busca da cache. Foi assim :

    Reparei que o Páscoa tinha as coordenadas correctas, as mesmas apontavam para o local onde estava a cache, mas os rapazes do Cache-if-you-can gang estavam a procurar no local errado. Ora, foram as sras gajas que deram com o local. A Luísa quis lá ir mas não consegui sem ajuda…e essa ajuda teimava em aparecer. Os rapazes ajudaram, mas não o suficiente, até que ela vira-se e diz bem alto para quem estava atrás, não me lembro se o Pedro ou o Luís, exactamente isto :
    "ANDA, METE-ME A MÃO NO CÚ, CARAGO!!"

    E VIVÓ NORTE, PESSOAL!
    É assim mesmo! E mai nada!:)

    E pronto, a cache lá estava!

    ……………………

    Cabe-me agora agradecer a todos a companhia, a camaradagem e o belo passeio que estes 11 geocachers proporcionaram, num passeio quase sem incidentes ( as melhoras Sara ) e onde o Ricardo foi de facto o herói do dia, a chegar em primeiro lugar cá abaixo, contra todas as expectativas!
    As Aranhas não são impossíveis, é preciso é força de vontade e coragem! Este homem demonstrou isso, quando estava a poucos metros da Nevosa, e quando as pernas não aguentavam mais, ele num último esforço chegou lá!:)

    Daniel…4ª? Tão depressa não…logo se vê. Porque não tratas tu disso?;)

  • 4 pascoa // Apr 18, 2006 at 23:33

    Pois é já cá faltava a frase.  

    Meus amigos isto é assim…não vale a pena andar com rodeios e se era para ajudar a chegar à cache, era para ajudar mesmo e não fazer de conta

    Agora (que já recuperei) já digo que as Aranhas valeram a pena. Só falta é avisar o Instituto Nacional de Estradas de Portugal que as pedras daquela estrada estão a precisar ser coladas!!!

    Luisa

  • 5 danieloliveira // Apr 19, 2006 at 08:58

    ….Cláudio. Não me digas que tu não voltas lá mais! Já te estou a ver cheio de comichão para lá voltar.

    Nós falamos depois.

  • 6 pascoa // Apr 19, 2006 at 10:11

    Para que não fiquem dúvidas foi o Pedro que lá pôs a mão.

    Claro que ele vai voltar Daniel, mas com condições muito específicas. Espero na altura fazer-lhe companhia, faltam é alguns meses para isso.

    Cheira-me que a 4ª Expedição às Aranhas não está a mais de 2 meses de distância, penso eu de que…

  • 7 pascoa // Apr 19, 2006 at 12:18

    O Luís e a Céu pertencem ao Grupo Desportivo 4 Caminhos e praticam orientação, por isso a caminhada foi canja para eles.

    E escreveram uma breve descrição no site do grupo. Para quem estiver interessado clique aqui

  • 8 bargao_henriques // Apr 19, 2006 at 15:52

    Bela promoção do geocaching!
    As ostes do Norte vão seguramente engrossar!!! 😉

  • 9 Vitor Hugo // Dec 19, 2006 at 09:44

    Gostei muito das fotos da vossa aventura. Como amante da natureza, tenho um grupo de amigos que também gosta de fazer esse percurso, especialmente no inverno por causa da neve. Contudo, em Dezembro deste ano de 2007, ficamos todos muito tristes com o cenário encontrado na "casa da lagoa". Eram latas, lixo e até um assador de chouroças. Para quem gosta da natureza, existe um lema que diz "Não tire mais que fotos, não deixe mais que pegadas e não leve mais que boas recordações".

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