A primeira vez é a que custa mais?

2 Cotas - 2006/10/10

Da primeira vez que fiz TT com a mota correu que nem ginjas. Da segunda também, só que para a oficina. Desisti. Resolvi comprar um jipe.

Comprado o carrito, é da praxe enfiar com ele logo no mato. O problema é que ele devia ter milhentas mais de horas de mato que eu, mas o gajo não me ensinou nada. Falha de comunicação, assunto de terapia, presumo. Já estava mesmo a ver o tipinho com ar de gozo a rir-se que nem um perdido debaixo do capot.

Mas começando do principio, que até nem correu nada mal, dadas as circunstancias…
A primeira coisa com que todos me enzucrinaram o juízo logo de inicio foi: não vás sozinho. Confesso que não percebi. Primeiro não ia sozinho. Depois, que diferença é que fazia. Se fosse pelo peso, ainda vá que não vá, sempre era melhor que encher o pobre do jipe com sacos de areia. Adiante.
A ideia deve ter partido de um tipo solteiro. Assim sempre tinha companhia em caso de ficar atascado, ou então sempre podia dar apoio moral, ou outros, em caso da acompanhante ficar aterrorizada. Agora eu? Ou então no caso de não poder voltar a horas decentes sempre poupava a explicação mais parva: “filha, tive enterrado até aos cubos” (… aos quê?). “Não consegui sair a tempo e horas”. “ A areia era muito funda”, “Ou muito mole”, o que ainda era mais ridículo…

Mas prontos, lá peguei na maria e no resto da tropa e fomos todos.
Direcção: Lagoa de Albufeira. Que isto de trabalhos de casa é para se fazer em casa. Nada melhor. Chegados ao local depois de ler as dicas lemos a descrição. Bonito, aquela coisa anda a direito em todo o terreno, menos a vau em terrenos lamacentos com vários metros de profundidade. Primeira parvoeira. (Escusam de contar porque ainda procissão vai no adro.)
Voltamos para traz e fomos direitos a segunda opção: Fonte da telha. Melhor, muito melhor. Pena que o pobre do carrito tivesse posto todos com ar de pescada. Só se ouvia era o pessoal já com ar de vómito a mandar vir: “se andar de jipe é o mesmo que andar de barco, para a outra vez vou ao Barreiro”. Que culpa é que eu tinha que o caminho era aos altos e baixos. Já me bastava controlar o meu enjoo e ainda tinha que os ouvir.

Chegamos a Lagoa, desta vez do lado certo. Demos com a caixelha e almoçamos. Fácil e barato.

Todos para dentro do carro e voltamos para trás, eis senão que aparece ao canto do ecrã do GPS a setinha marota, 900 metros. Se bem me lembrava um bocado a seguir havia um caminho á direita. E havia mesmo. Quer dizer, era á direita, caminho é que não. Vamos? Vamos!

Uns metritos mais abaixo a boa da setinha, vira-se de lado, ri-se e diz outra vez: direita!
-Direita?
-Sim, direita.
-Mas ali só há pinheiros e no meio, por baixo, por cima, de lado, em frente e por traz, areia. Areia. Tipo praia, mas sem agua. Quando muito umas pinhas as servir de cachuchos.
-Pois. Direita.

Lá viramos por ali a baixo. Devagarinho não fosse a coisa plantar-se. Decidi ir pela berma, porque os trilhos pareceram-me muito fundos. Primeira asneira, (primeira deste grupo, que os outros já estavam completos). Voltamos aos trilhos depois de passar por cima de uns montes de pinhas que só do barulho me puseram mais uns cabelitos brancos.
Mas realmente os trilhos eram fundos e os arbustos competiam em barulheira com o rádio e com o bater dos dentes. A determinada altura decido sair dos trilhos. Rodo o volante. Nada. Parece que me tinha esquecido de transmitir essa vontade em voz alta ao carrito. Seguia a direito impávido e sereno. Mais uns graus. Nada. Mais meia volta, idem. Já ia quase com 360º de rotação no volante e a pensar cá para mim que ainda me esquecia para que lado é que estavam os pneus virados. Nada.
-Tu queres ver que esta me’da ainda dá um sAAAAAAAAAAAALTO!!! Etalélé! Isto é giro, penso eu cá para os meus botões, com medo de repetir não fosse correr mal da próxima vez.

Já ia todo contente outra vez em cima da berma quando oiço um grito seguido de uma mão cheia de ameaças, muito mas mesmo muito, físicas. A po’’a do GPS tinha dado 3 saltos mortais empranchados á retaguarda e aterrado mesmo numa das rotulas da maria que entretanto estava ainda á procura de um sitio para se segurar, depois de ter, aquando do salto, andando a tirar as medidas ao lugar do pendura.
(Só se for para isso, assim o pendura segura e apanha o equipamento quando se espalha tudo pela cabine.) A coisa foi de tal maneira que fui intimado a parar o carro e fazer o resto do caminho a pé. 10 metros! Vejam lá, tive que andar a pé porque a maria ficou com medo.

Descobrimos a cache e voltamos. Bem feitas as contas, andamos 20 metros mais sem necessidade nenhuma.

Agora é voltar vilanagem. Tudo dentro do carro e “quelá saber, agora vou de prego a fundo e pelos trilhos”. Até que nem foi mal de todo, não houve saltos, nem cachuchos atropelados, nem muita barulheira. Correu bem. Viemos todos, incluindo uma nódoa negra e um ligeiro manquejar, mas penso que um dia destes já poderei ter sexo outra vez. Todo acabou em beleza. Gostei. Já fiz mais, mas esta é só a historia da primeira experiência.

Continuo a não perceber bem a cena de não ir sozinho. Cá para mim deve ser a mesma razão que leva o outro a deixar preservativos nas caches. Ele há cada maluco. Fiquem bem.

9 responses so far ↓

  • 1 MAntunes // Oct 10, 2006 at 19:33

    …com estes textos!

    Continua (que eu nem consigo escrever).

  • 2 Sagitario // Oct 10, 2006 at 22:59

    Para primeira experiencia a bordo de um TT tá muito fixe mesmo.

    Só foi pena os 20mts a pé.

    É para repetir, não é?

    Dá cá um gozo passar por caminhos de tractores que só visto, este fim de semana num reconhecimento para um Raid TT de motos passei um fininho á cache GCP6G2 e quase a atropelei (hehehe) é que mesmo ao lado tem uns caminhos que são verdadeiros trilhos de tractores e só com um TT e um pouquito de "unhas" se consegue passar.

    Já agora experimenta uns cruzamentos de eixos numa vala onde caiba meio TT a 45graus, experimenta vais ver que é giro.

    Já me esquecia, nunca andes só num TT, podes precisar de alguem que se coloque em cima do para choques para fazer contra-peso.

    Bons passeios e melhores cachadas a bordo do teu TT

    Sagitario

  • 3 Manchanegra // Oct 11, 2006 at 10:47

    20 METROS A PÉ!!!!!
    Se fosse um Jimny passava-lhe por cima .
    Pela descrição, qualquer dia estás a fazer concorrencia ao Portelada. Ó Sup3r!!!Venham de lá essas Ammo Boxes a ver se as caches aguentam com o peso dos Jipes .
    Para a proxima tens que ir fazer umas caches ali para os lados da Malveira, o problema é que desconfio que por ai a maria salta do carro e te deixa a falar sozinho .
    Quanto á parte do não ir sozinho, não te preocupes que vais perceber no dia em que me telefonares para te ir desatascar .

    Porta-te bem e vê se colocas o VW e a Canadian numa cache por ai .

    Já agora, não queres fazer uma versão TT para publicar no forum?

  • 4 danieloliveira // Oct 11, 2006 at 14:20

    …da profissão médica: Não há remédio que cure este homem?

  • 5 Jose Adonis // Oct 11, 2006 at 17:04

    Quote:
    Correu bem. Viemos todos, incluindo uma nódoa negra e um ligeiro manquejar, mas penso que um dia destes já poderei ter sexo outra vez. Todo acabou em beleza. Gostei. Já fiz mais , mas esta é só a historia da primeira experiência.

    Repito a questão… <inserir icon da malícia>

  • 6 vsergio // Oct 11, 2006 at 22:27

    Ora muito parabéns pela excelente aquisição que fizeram.

    As aventuras são sempre excelentes a bordo de um Land Rover.

    E já sabes, se as mudanças começarem a arranhar, deve ser da areia que entrou pela caixa a dento… lol

  • 7 Bruno David Rodrigues // Oct 13, 2006 at 17:25

    Então e que caches recomendam para uma coisa com tracção às 4 (que aquilo não é um jipe) na zona de Lisboa, para serem feitas no intervalo do Natal/Ano novo quando nós voltarmos à santa terrinha de férias, que isto aqui na Alemanha não há offroad, é tudo de bicicleta!

  • 8 clcortez // Oct 13, 2006 at 19:33

    ..deixa lá ver!

    (já agora, queres 1000€ por essa coisa? Afinal não deve valer mais, está todo "descascado", a ver pelas fotos no site!:) )

    Começo pelas minhas, tens a Loca do Gato, deves conseguir lá ir sem arranhar a pintura, e a No Topo das Radiotelecomunicações, mas nessa tens que ficar a 50m para não ficar com uns riscos..depois tens as dos Fortes das Linhas de Torres, etc…
    Tudo depende de até quanto gostas da tua coisa.

    Cláudio Cortez

  • 9 portelada // Oct 14, 2006 at 11:53

    Então pá ??? 20 metros ???

    E ainda por cima foste buscar um tanque??? agora quando assentares os eixos já não te posso valer de muito … bem qu eo jimny pode cavar para te tirar de lá … hehehehe !!! mas se por acaso atascares para estes lados (Cascais \\ Sintra) telefona-me que eu vou lá ajudar-te com a cavalaria !!! hehehehh …e  máquina fotográfica !!!

    Já agora ,o Projecto VG é do melhor para fazer de TT!!!!

    Abraços , muito atascanços e riscos no TT , é sinal que ele se está a portar á altura !!! faz parte !!! VÊ lá se consegues chegar aqui !!hehehe

    http://www.geocaching.com/seek/log.aspx?LUID=59b1bbb7-3ac6-4711-8b82-107e1489a3d4

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