Depois de muito sofrer ás mãos de alguns dos nossos mais afamados geocaxeres, resolvi que chegava. Vou-me embora, procurar outras bandas e mudar de ares.
Endrominei a “Maria” o que até nem foi difícil, vendi o resto dos bilhetes á & Company, e estabeleci que ou saiam de casa cedo ou a coisa se complicava.
Saímos ás 19 horas de uma sexta feira…
Direitos á Pampilhosa com olho no burro outro no cigano, quer dizer um olho na estrada outro no GPS que ainda é mais cigano que os ciganos. E o burro? Perguntam vocês… E como um mal nunca vem só, eu que tinha engendrado maneira de não me deixar levar em estradas secundárias dei comigo a tirar o carro dos buracos ás 11 da noite no meio da serra da Lousã. Bem… não era a Lousã, mas era a serra mais perto com esse nome e como estava perdido para o caso tanto faz.
Ao outro dia, de manhãzinha, meio dia e meia mais ou menos, fomos pôr as primeiras micros na áh1áh1… Nunca pensei que a chuva tivesse sentido de humor. Só chovia quando era preciso sair do carro. E andar a espalhar caches na serra em dia de inverno é obra. Agora é que eu percebo como é que o outro queria que lhe aceitassem umas micros atiradas pela janela do carro em plena auto-estrada.
Para recuperar o amor próprio, resolvemos ir á procura duma cache do Ricardo. Como as outras que ele tinha posto até nem eram muito mazinhas lá escolhemos a Fraga da Pena. Foi pena. Uma ideia para esquecer. A maria táva meio mais para lá do que para cá, enrolada numa toalha com ar de sofredora. Começamos a subir e como a coisa até nem era feia, lá fomos embalados na converseta.
Descer, subir, escorregar, práqui, práli e o GPS a começar a fazer negaças. Aquela barra mer$#$%$#dosa a dizer: Falha de recepção de satélite! Caraças! Muda a antena, pode ser que a coisa fique melhor. Ficou pior! Um circulo de erro que saia fora do ecrã! Juro que me passava pelos cotovelos. Bem… vamos vendo a paisagem. Até que chegamos a um beco. Um lagozito, com uma queda de agua ao fundo, tudo muito bonito, interessante. Recomeça a chover. Tinha parado á 30 segundos. Volta para traz, escolhe outro cominho. Vamos dar a uma pontesita á borda de uma terra de cultivo. Como era no meio dos montes a maniqueta faz um ar de contentamento, dá uma direcção, uma distancia e pof… acabaram as pilhas! Muda.
Afinal é do outro lado. As garotas começam um processo reivindicativo daqueles sintomáticos. “Tá a ficar tarde”, “tá a chover”, “tenho fome”, “tenho frio”… Viro-me para o ToBê e pensamos em coro: estamos $%$#$%$#! “Ok vocês agora ficam aqui debaixo deste telheiro que nos vamos ver onde é que é o sitio, escusam de andar a procura. Quando dermos com o local vimos cá buscar-vos”. “Tá bem”. Não estava! Não sei o que foi pior. De 30 em 30 segundos aos berros no meio do pinhal: “Onde estão?”, ”Já acharam?”, ”Falta muito?”, “Que horas são?”. Demorámos algumas 2 horas nisto. E a chover!
Eu parecia que tinha engolido um garfo. Se me mexia, havia uma peça de roupa, geladamente encharcada que contactava directamente com o ultimo pedacito de pele menos gelada que eu pensava que já não tinha. O outro triste, parecia um cruzamento de lobisomem e uma santola.
O Ricardo deva andar a dormir mal desde essa altura, isso se não ficou com tendências suicidas. Diz ele nas dicas “blablabla do lado patatipatatá do caminho”. Caminho? Caminho? Por minha vontade as tendências suicidas dele já deviam ir na 3ª geração. Caminho naquele sitio? Não há aqui caminho desde o tempo de D. Afonso Henriques! Por essa altura começamos a fazer comentários coloridos sobre as tendências sexuais dos vizinhos dele.
Olhámos lá para baixo e vimos as garotas aos pulos no meio da terra de cultivo. Pela altura dos pulos achamos que era hora de voltar. Diz o TóBê, “êhpá e agora vamos por onde”? Perguntas parvas! Do sitio onde estávamos todos os caminhos serviam, não havia nenhum! O Ricardo devia estar, de livre vontade, a espremer os penduricalhos…
Chegamos ao pé das garotas já para o tardote. “Então?”, “Então o quê?”, “Então, encontraram?”, …porra, já não me bastava o outro lá em Alcochete… Tinham ouvido uns ruídos lá no telheiro e fugiram dali para fora para o meio das ervas. Para o meio da chuva. Mulheres
E voltar? Partimos todo a desfilada, acabei por ficar para trás mais a “maria” porque as avantesmas que iam á frente, iam mesmo em frente. Depois de passar por 3 pedregulhos dos grandes, achei que estávamos perdidos. “êhpá, tem a certeza que é por aqui?”, “temos, já estamos perdidos, por isso para qualquer lado é bom”. Não deixam de ter razão.
Liguei o GPS. Trilho anterior? Qual trilho? “óhmninos, onde é que vocês pensam que vão?” Bem… adiante…. Olha, vamos jantar a Freixo de Espada a Cinta, nessa altura já era mais Frêxa de Faca na Liga. Começamos a ver umas luzes ao longe. Ao principio não liguei muito, imaginei pirilampos. A Elvira disse-me depois que até já tinha dito boa noite ao Sininho.
De repente diz um: “olha a estrada.” Era pois. Lá embaixo, ao fundo da ribanceira, aí a 10 metros de altura de uma parede vertical que se estendia para os dois lados até onde a vista alcançava, não mais de 2metros para cada lado… mas válá… decidimos ir mesmo em direcção da aldeia, era o mais fácil.
Chegamos ao pé do carro passava da 8 da noite e já não chovia, tinha passado a aguaceiros…
Pois é Ricardo, por minha vontade o piqueno fica filho único. Pede lá desculpa á Silvia, mas tás mesmo a pedi-las!
2 responses so far ↓
1 MAntunes // Oct 20, 2003 at 22:32
já não sei se desejo que o Diamantino consiga encontrar mais caches…
Agora a sério: Foi uma pena não teres comentado que ias lá. Eu já passei por aquela "provação"…
Quanto às desilusões, hà que esperar melhores dias. Afinal nem sempre se "ganha" e o passeio parece ter sido rico em "experiências" para contar aos netos. 😉
2 cds_t2 // Oct 21, 2003 at 12:16
Diamantino,
aqui para nós que ninguém nos ouve, o que o MAntunes não te disse, para não ferir susceptibilidades, foi que se o tens prevenido, se tinha disponibilizado para te emprestar a sua "arma secreta" (o segundo geocacher mais famoso aqui na terra dos "portugas" e que dá pelo nome de SNOOPY).
Agora a sério, acho que fizeste muito mal teres desactivado a " voz da menina" que, no teu "caixote" (vulgo GPS) novo, indica os itinerários e as mudanças de direcção. Embalado por voz tão "doce" (mesmo em inglês), certamente terias seguido o "trilho" correcto.
A propósito, aquele GPS "antigo e todo quebrado" que te propuseste vender ainda está disponível…?????
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