Olhei para o relógio. Onze da manhã. Vi a Jully atravessar a estrada de bicicleta e desaparecer para lá dos carros. Liguei o GPS, procurei a cache mais próxima e vi a setinha a desenhar-se. Eram onze da manhã. Tinha cinco horas no máximo. Virei a minha bicicleta para trás e segui para Norte junto ao rio.
Manhattan tem uma área de cerca de 59km2, com um comprimento máximo de 21.kms e uma largura máxima de 3.7kms. E um número de caches que, muito sinceramente, não me apeteceu calcular. São muitas. Demasiadas para 5 horas – sobretudo se acharmos que não há melhor forma de fazer caches do que a pé.
Comecei por tentar encontrar caches ao longo do rio Hudson, junto à ciclovia que tinha estado a percorrer. Há várias caches aqui, que aproveitam a relação com o rio e a magnífica vista sobre New Jersey. Num dia de final de Primavera como aquele, com o Sol a brilhar em força, uma luminosidadade fabulosa e calor, apetecia mesmo ficar por ali. Curiosamente, a primeira cache (Out of the the Frying Pan into the Fire) (e que, para honrar as minhas tradições, foi um DNF…), era à entrada de um barco, que funcionava como bar… e que eu depois descobri que era o sítio combinado para ir beber uns copos ao final do dia! O que significa que à noite ainda por lá andei de copo na mão a confirmar discretamente o DNF…
Foi também nesta primeira ronda que percebi que tinha cometido um erro de principiante! A segunda cache que escolhi (Where to Sit? ) devia ser simples. E eu estava claramente no local e devia ver a cache. Foi nessa altura que percebi o meu erro. A query que tinha tirado… tinha 3 meses! Tinha-a tirado em Março e nunca a tinha actualizado. O que significava que, mais do que perder novas caches (o que, dado o número de existentes na área e o meu pouco tempo disponível, não era preocupante), o principal problema era que algumas das que tinha no GPS podiam estar já desactualizadas – como eu tinha acabado de perceber! Numa cidade tão vibrante como Nova York, a questão tinha dimensões surpreendentes – uma das caches que eu procurava ficava num prédio que, pura e simplesmente, em 3 meses, já não existia. ..
Depois , decidi que ia para o interior da cidade, e subir para Norte. Orientarmo-nos em Nova York é extremamente simples. Como a maioria das cidades norte-americanas, a estrutura de NY assemelha-se a uma rede, orientada segundo os pontos cardeais (isto não é necessariamente verdade na parte Sul de Manhattan). O que significa que, em qualquer momento, sabemos muito facilmente qual a direcção em que estamos a seguir. O principal problema quando decidimos no entretanto entrar na cidade é (naturalmente) a recepção de satélite. As ruas, apesar de não serem necessariamente estreitas (as principais avenidas têm 6 faixas), estão no fundo de canyons formados por prédios irregulares, mas sempre altos, o que prejudica (e de que maneira) a recepção. A melhor forma de escapar a isto é capaz de ser mesmo ir fazer esta virtual (The Empire Strikes Back) – lá em cima não há problemas em apanhar satélites…
Continuei para Norte, e acabei por não fazer caches nesta área. Nem esta (Looking for LOVE in all the wrong places – entretanto desactivada), nem nenhuma das da série POPS (caches dedicadas a espaços privados abertos ao público, uma forma que a Câmara de Nova York encontrou para tentar criar espaços verdes na cidade, concedendo licenças de construção de maior altura, contra estas áreas). Mas, ao ir para Norte, o meu objectivo era simples…
Ter uma floresta dentro de uma cidade é um privilégio. E os nova-iorquinos aproveitam em grande o Central Park – a qualquer hora do dia, o parque está cheio de gente a correr (já para lá fui correr às 5h30 e estava longe de estar sozinho), a andar de bicicleta, a jogar basebol, a passear, a namorar, a casar-se (sim!, já vi), a remar, a visitar, a tirar fotografias, a fazer um piquenique, escalada,… O que também significa que está cheio de muggles… Tirar a cache do esconderijo e loga-la é quase tão difícil nalgumas localizações quanto no centro de Lisboa! Mas, as caches têm algum gostinho a uma cache não-urbana, pela paisagem em que nos movimentamos. E são muitas, e bem diversas! Mistérios, earthcaches (fiz uma – Umpire Rock), virtuais (esta – Central Park Guardian (Virtual) – para mim foi especial. Têm que ir lá e ver porquê), multis, regulares, em diversas localizações e esconderijos (árvores, calhaus, túneis,…), um autêntico festim de geocaching. E o que é bom é que ainda deixei por lá suficientes caches por fazer para as próximas visitas!
No Domingo, acabei por só fazer uma cache (Old Guard) e por ter uma amostra da diversidade e força de Nova York. Acabei por ir ‘aterrar’ em plena Marcha de Orgulho Gay, o que significou muita polícia e gente nas ruas e um trânsito diabólico (que me ia fazendo perder o avião). E um espectáculo completamente excêntrico, dentro e fora da parada.
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