Este log ganhou o concurso de melhores logs de Abril de 2013.
Há mais de dois anos que esta cache ganhou um espaço próprio no meu imaginário e era, desde então, um “cálice” que muito almejava alcançar. Pouco tempo depois de ser publicada, andávamos nós pelo lado mais profundo do Gerês em busca de um mestrado de experiências e caches, e ainda olhámos para esta mas o cansaço já acumulado acabou por nos desviar da sua descoberta.
Apesar de a vontade ser muita não insisti com a Valente, que muito já tinha dado de si numa querença minha. Ainda assim combinámos que regressaríamos, logo que possível, ao Gerês para completarmos esta aventura. O tempo foi passando e a vontade da Valente foi esmorecendo, mormente pela dificuldade associada e pelo que se recordava do quanto tinha caminhado para a obtenção do "canudo".
Quanto a mim, a cada registo que recebia como notificação ficava ainda com mais expetativas e, com um colega destas andanças, começámos a delinear um plano que passava por pernoitar na Rocalva e viver por fim esta experiência. O tempo e os compromissos foram adiando a sua realização e quando surgiu o evento 3000 caches encontradas, do joom, senti que seria a ocasião perfeita para me fazer ao caminho pelo vale das trevas. Aquando da visita às outras caches com este tema apenas tinha assistido ao filme mas entretanto já li o extraordinário livro de Joseph Conrad e assim senti-me talvez mais compenetrado na busca do meu Kurtz por este mundo perdido de solidão do Gerês, seja ele um negociante de marfim ou coronel.
Como tinha pernoitado no curral da Rocalva e estava na companhia do Fernando Rei, que já tinha encontrado esta cache, acabámos por realizar uma abordagem inversa à que foi pensada pelos owners. Não tínhamos outra possibilidade e a vontade de acertar o encontro com o seu final foi mais forte. Ainda assim, talvez um dia regresse pelo lado que foi percorrido durante a sua colocação. Seguimos pelo trilho e fizemos uma pequena paragem no estreito do Laço para podermos contemplar a enormidade do vale que se estendia à nossa frente. Este Gerês é um poço infindável de memórias contemplativas e regressa-se com cada vez mais vontade e expetativas. Seguimos depois por um trilho que foi desaparecendo aos poucos e pelo meio começámos a fazer corta-mato.
A dado momento, e como estabelecemos como plano descer para o vale por um determinado local que nos pareceu mais exequível, optámos por deixar as mochilas para trás, escondidas, e prosseguimos sem peso. À medida que me aproximava do GZ todo o ambiente circundante parecia engalanar-se para me receber e a máquina ia registando os momentos quase de uma forma intuitiva. Chegados ao local, sentimo-nos tão pequenos como um pássaro à conquista da lua. As vistas são realmente fabulosas e enchem a alma de qualquer um. O contentor apareceu então facilmente e fiz o registo.
Após uma pequena sessão fotográfica, recolocámos o contentor e voltámos um pouco para trás para recuperar as mochilas e descemos de seguida por uma vertiginosa linha de água. Fizemo-nos depois à descoberta das Sombrosas e posteriormente seguimos para Fafião, tendo então a possibilidade de vermos como haveria de desenrolar-se o trajeto proposto pelos owners do outro lado. Esta é mais uma cache de alma cheia que muito me agradou viver e é com satisfação que fixo este registo na memória. Obrigado pela cache e pela partilha!
Cruz, com Fernando Rei.
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