Trimmmm.
Trimmmm.
Trimmmm.
Trimmmm.
Clic.
– Bom Dia.
– Bom dia Maria podia falar com o Pedro?
– Vou ver se está, podia-me dizer quem fala?
– Diamantino.
– Olá, Sr. Diamantino, muito prazer em falar consigo, vou passar a chamada!
Tralalala. Plimpopopopo.
Tralalala. Popopopo. Tralalala. Plimpopopopo.
Popopopo. Tralalala.
– Olá pá. Tás bom? Não ligavas há muito tempo. A família?
– Olha, muda a po’’a da música da central que já é só guinchos e mal se ouve. A família tá boa. E tu?
– Telefonaste só para pôr defeitos? Também, está tudo bem. Diz…
– Queria pedir-te um favor…
– …logo vi…
– … deixa-te de bocas! O último a ligar fui eu!
– Pois… era isso que eu queria dizer.
– Deixa-te de bocas óh maricas.
– Homem, não digas asneiras quando ligas para aqui… Ainda arranjas problemas, e aos dois.
– Porque? O teu patrão ainda tem aquele mau feitio?
– Já esteve pior.
– Não me parece, acho que está cada vez pior.
– Ainda fazes com que seja despedido!
– Vais trabalhar para a concorrência.
– Nem penses! Para o outro gajo? Nem morto.
– Realmente, entre esse trabalho e trabalhar para o outro, venha o diabo e escolha! Hahaha!
– Cala-te! Não podes dizer isso páh? Chiuuu!
– Porque? O velhote ainda está à escuta de tudo? Ou já instalou equipamento automático?
– Não, ainda é tudo à maneira antiga.
– Semítico, o que vale é que já é meio surdo.
– Pois! E passa o tempo todo a dormir!
– Então já és o Gerente?
– Não! Continua a ser o filho.
– Esse não aparece há muito tempo…
– Pois, seja como for, eu não mando nada. Sou só o porteiro. Mas diz lá o que queres.
– Tenho estes dias de ferias e vou para Sines.
– Tu nunca trabalhas, porque que é que dizes que tens uns dias de ferias?
– Tas muito bem disposto… Quando puder falar, dizes, tá bem?
– … diz…
– Tenho uns dias de ferias e queria que tu desses um jeito no tempo.
– Vais fazer o quê? Aquela coisa do geocaching? Ou ca’ar o jipe?
– Posso fazer as duas coisas ao mesmo tempo! Mas se fosse só ca’ar o jipe não precisava da tua ajuda!
– Tu? Deixa-te de coisas, precisas de ajuda para tudo! Já te conheço! Vais fazer as caches de lá?
– Sim, e uma atrasada.
– Atrasada? Ali não tens atrasadas.
– Não é dali. A atrasada é mais longe.
– Não me digas que vais tentar outra vez aquela em que não acertas com a estrada?
– Sim! Essa…
– E achas que dás com o caminho agora?
– Não tem muito que saber. Só tem dois caminhos, não me posso enganar sempre.
– Pois… gajos normais…! Tu gostas muito de te meter em avarias. Olha que esse tem a mania de complicar. O caminho é a parte mais fácil e tu já te espalhaste 2 vezes nessa parte. Cá para mim…
– Não me digas nada. A Virita ia tendo o fanico da primeira vez.
– Ela tá boa? Não a vejo há muito tempo.
– Tá! Cada vez melhor! Olha, vamos fazer a consoada cá em casa e contamos contigo.
– Agradece-lhe, mas vocês sabem que não posso.
– Continuas na mesma. Não dá para te baldares, nem só uma vez?
– Não posso, sabes que nessa altura vem cá o neto do velho e tenho que estar presente. É a mesma coisa todos os anos. Já sabes como é, mas agradeço na mesma.
– Tu é que és sempre a mesma coisa. Nessa altura é porque vem o puto, na passagem do ano é o balanço, na Páscoa é por que tens que fazer o assado…! Que raio de emprego. És sempre a mesma coisa, um baldas.
– É assim que se ganha o céu!
– Hahaha!
– Isto tá mau de empregos…
– Olha lá, mas voltando ás caches, tu que nunca dás abebias nenhumas estas a dizer-me que a cache é difícil?
– Eu não disse nada! Nem sei o que se vai passar.
– Pois, mas da última vez que tiveram que fazer reparações no futuroscopio, mandaste instalar o plasma maior no teu quarto! Só para ensaio? Passas o tempo a espreitar, pensas que não te conheço?
– Claro! Como tenho que verificar o sistema muitas vezes, assim é mais fácil…
– Claríssimo! Quem não te conhecer…
– Pois, difícil não é, mas a dica não presta, o local tem pouca recepção, a encosta é quase a pique e a classificação tá curta! Muito curta. E buracos é mato. Burrinhos na água, aposto. E não tem cobertura…
– Mau! E pior que o costume?
– Não, igual.
– Tou farto de lhe dizer, mas ele não há meio… Tu e que podias dar-lhe um toque.
– Era bonito! Mandava daqui um anjo a dar-lhe a boa nova: “Olha, a malta acha que as tuas caches, blablabla…”, e dava-lhe o fanico. Ainda começava a pensar que estava grávido.
– Não era mal feito, tou farto de DNF nas caches dele. E as outras?
– As da moça com nome esquisito…
– Não sejas assim… Ela já mudou de nome!
– …sim… e escolheu nome masculino…
– Deixa-a em paz! Diz lá coisas sobre as caches!
– A primeira…
– Qual primeira?
– Quantas primeiras é que há?
– Sei lá, po’’a! Tu é que sabes…
– A primeira é ranhosita, mas as outras são boas. Se estiveres á rasca, dá uma apitadela…, para aqui não, já sabes, mas tás a vontade, alguém te há-de dar uma ajudinha… como de costume…
– Qual primeira pah, qual e a primeira?
– E ele a dar-lhe, logo vês. A da outra… Ouve lá? Tou a reparar agora, tiraste o fim-de-semana para as moças? Só caches de tipas! O que é que a Virita diz destes teus planos?
– Deixa-te de gaitinhas! A primeira não é de um gajo?
– Disfarça… disfarça… Bem, a outra enganou-se nas coordenadas e a coisa tá a alguns dez metros, mas é fácil na mesma…
– Bonito! E mais?
– Mais? Queres ir fazer caching ou e visita guiada?
– Deves ter muitos amigos, deves, deves…
– Olha, para não estares com me’das, ficas já a saber que não vais conseguir nenhuma de gajos.
– Hãm? Quê? Que é que tu queres dizer com isso?
– O que disse, gajos népia!
– Nem a do tipo dos calhaus?
– E isso é lá cache? Ainda gastas gazole com essas?
– Gazole?
– Gazole é essa mistela ranhosa que tu metes no depósito do jipe, ainda ‘odes o motor aquilo se antes não o espatifares nalgum buraco. Eu nem preciso de ir ver onde tu andas, basta sentir de que lado vem o cheiro… Ainda és preso por andares a fritar batatas na autoestrada.
– Ecologia! Ecologia páh, isto é que me saíste cá um funcionário! Ouve lá quando é que te casas?
– E continua… … …
– Mas… andas a sair com alguém?
– Deixa-te disso! Não tenho tempo para essas coisas. Farto-me de trabalhar.
– Pois! E dessas que estão sempre a aparecer ai?
– Não prestam. Umas são velhas, outras vem todas arrabentadas e o resto tá todo podre, doentes, todas janadas.
– Andas a espreitar nos processos? O velho não te dá nas orelhas, óh cusco?
– Então não tenho que os ler quando cá chegam? Sou eu que os distribuo pelas secções, tenho que lhes ler o curriculum.
– Ouve lá, e a telefonista?
– Essa? Tá cá desde o principio. Velha é piropo… Já nem se levanta.
– Quem não se levanta sei eu quem é. Mas diz mais coisas sobre o meu fim-de-semana.
– Se te digo não tem piada, alem disso não posso. Só o velho é que pode espreitar…
– E tu não podes? Deves estar a gozar! Vá lá…
– As da miúda das barragens estão boas, mas vais ter azar lá na barragem.
– Quê? Atasco o jipe?
– O mais certo! Mas, medricas como és, nunca terás esse gozo.
– A Virita é que tem a culpa, ainda vou no alcatrão já ela está aos gritos porque não há caminho. Mas o que vai acontecer?
– Põe-te a pau com as dos gajos. Uma das outras não presta e vão todos moer-te o juízo.
– Afinal, quantas é que eu não vou encontrar? E qual é a da barragem e a que não presta?
– Nenhuma.
– Nenhuma das caches?
– Sim. Não! Logo verás! Alias, vais andar todos os dias em barragens. E na me’da!
– Me’da? Na barragem?
– Sim, na outra.
– Qual outra? Mas afinal quantas barragens e que há?
– Sei lá… Uma data delas. E não me perguntes, és tu que escolhes.
– Afinal a po’’a do aparelho não ficou arranjado.
– Ficou, mas o gajo lá debaixo de vez em quando faz interferências e não deixa ver. Eu acho que ele até baralha as imagens. Mas o velho não acredita, tem a mania que o sistema é perfeito.
– Tu é que passas o tempo a ver pornografias. Metes-te no quarto a ver gajas nuas.
– Não digas isso, se ele ouve ainda me arranjas problemas, ciumento como é…
– E só faço essas? Um fim-de-semana é só isso? Espreita ai as do tipo dos calhaus, estava a pensar ir procurar uma dele.
– Dos calhaus? Está debaixo de um, what else… Que é que queres saber?
– Rico fim-de-semana! Tu és muita chato, podias ajudar aqui o teu amigo e não há meio.
– Não posso! Tás com medo de ca’ar o jipe ou quê?
– Não. Não tenho medo de ca’ar o jipe. Se tivesse medo de ca’ar o jipe tinha comprado um castanho…
– Só havia aquela cor… E o aldrabão sou eu!
– Deixa lá isso. Dás um jeito a máquina do tempo ou não?
– Não posso! Aquilo esta já tudo ‘odido! Não posso lá ir mexer. Se aquela me’da avaria de vez quero ver…
– Pois. Era arranjada de vez. Vá lá, vais ver e adiantas ou atrasas uns dias. Não é preciso muito. Pode ser só um jeito para não chover. Já dava.
– Vais o fim-de-semana todo para as barragens e andas com medo de água? Não posso. O velho não quer que eu vá lá mexer. Esta sempre a dizer que vocês ‘oderam tudo agora tem que se amanhar com aquilo assim.
– Como se eu acreditasse que não vais lá dar uns biqueiros quando andas chateado com ele. Ele ainda te chateia o juízo como antigamente?
– Agora já anda mais calmo e com vontade de se reformar.
– Sério? Ele já tá muito velhote, já se está é a borrifar. Pôs a barraca á venda?
– Não! É mau para o negócio. Se ou outro descobrisse era uma bronca das antigas! Ainda íamos a falência. Ou lançava uma OPA. Já viste o que era?
– Mas se é para ir para a reforma? Até podia ser que o vosso vizinho da cave tomasse conta disso melhor. Era capaz de investir uns cobres. Até seria bom para ti.
– Tu és mazé doido, já não tenho paciência para patrões arrebitados. Fica para o puto, já fez o testamento.
– Hahaha! Outro novo?
– E só mais uns anos até o miúdo crescer e toma conta do negócio.
– Desde que me conheço que o puto está na mesma, parece que não cresce. E o filho?
– Não aparece cá há muito tempo. Vou ver o que posso fazer, mas não prometo nada. Aquilo esta preso com arames, tá tudo ensarilhado. Já não tem afinação. Pinga agua, sopra, faz barulho, estremece tudo, ás vezes parece que se vai desmanchar.
– A quem o dizes, aqui ainda é pior. Manda mas e o velho arranjar aquilo quanto antes, antes que caia tudo cá em baixo… Bem, abraços e dá-lhe cumprimentos meus.
– Eu dou, mas ele ainda está meio chateado contigo.
– Ainda, depois de tanto tempo? Queria que eu me levantasse cedo ao domingo só para ir ao beija-mão? Passou-se de vez… Prozac!
– Também era a única coisa que ele te pedia e tu não fazes! Porque? Ainda és mais teimoso que ele.
– Também não é preciso estar zangado comigo só por isso… Artolas de velho…, adeus! Dá beijos a gaja do telefone e aparece um fim-de-semana destes.
– Beijos? Se lá fosse dar-lhe beijos teus, estávamos os dois lixados, havia de ser bonito, deixa a tipa em paz, andas sempre a inventar! Adeus, fica bem, dá beijos à Virita e a Catarina e abraços ao resto da malta.
– Dou. Porta-te mal…
– Maricas…
Clic….
Clic….
12 responses so far ↓
1 btrodrigues // Dec 12, 2006 at 16:47
2 MAntunes // Dec 12, 2006 at 16:50
Eu bem digo; "adoro" os teus logs quando não encontras as caches…
Então, por onde é que desta vez o Lobo pulou? (fiquei sem saber se o S. Pedro não deu o jeito ou a cache não está lá…)
3 Jose Adonis // Dec 12, 2006 at 17:16
Completamente parva. Assim fica a minha alma (o que dados os intervenientes, pode não ser coisa boa…).
Para quando a edição em livro dos posts do 2C?
4 bargao_henriques // Dec 12, 2006 at 21:50
Há alguma alma caridosa de consiga traduzir o texto do Diamantino para Português?…
Eu até gostava de o perceber…
5 zoom_bee // Dec 12, 2006 at 22:02
Isto é algo que considero MUITO GRAVE!!!
Meus senhores, desculpem a sinceridade, acho absolutamente inaceitável que se use uma actividade tão nobre como o Geocaching para justificar indiscrições deste género absolutamente reprováveis!
humpf!
Sugiro a criação de algo como um… MAnifesto de MIlitância LOuvável da NAtureza, com BOm CArácter, RIgor e JUstiça.
(sigla: … censurei-me a mim próprio :))
6 lopesco // Dec 13, 2006 at 12:30
É como fiquei….
7 Limao // Dec 13, 2006 at 19:23
Quantas vezes é que vou ter que repetir que o meu nome é LIMÃO, Mónica Limão! É masculino e daí? Não tenho culpa que tenha sido esse o nome que os meus paizinhos puseram no meu BI… E sinceramente até gosto.
Quanto à cache "ranhosita" podem ficar descansados que já está desactivada e que para o ano que vem vai aparecer aí de novo mas renovada, ok? Hold your horses!
8 2 Cotas // Dec 13, 2006 at 23:25
…lá o moço, mas ele não é má pessoa.
Eu cá acho que é do trabalho, há tanto tempo a fazer a mesma coisa. Ou então é falta de sexo…
Aquilo era uma conversa privada, sobre a qual eu pedi a devida autorização para publicar, e como prova de que ele não tinha intenção de magoar ninguém é que deu de imediato o seu acordo.
Vá lá, easy on him…
9 Pedro Fisherman // Dec 14, 2006 at 12:23
Não pediu nada. Não acreditem nada do que este senhor diz.
A conta corrente por processos de difamação e inverdades que esse senhor tem lá na Empresa é enorme e todos os dias cresce.
Váderetro…
10 play mobil // Dec 16, 2006 at 01:03
Muito bom.
Houve momentos em que fiquei indeciso entre o Brecht e Gil Vicente! 🙂
A história está mesmo muito gira, embora para log seja pouco ortodoxa.
Parabéns pelo texto. Se fosse um bocadinho menos "pessoal" era um monumento à capacidade de humor no geocaching, mas mesmo assim não deixa de o ser…
Dizemos nós, claro 😉
11 rebordao // Dec 18, 2006 at 20:46
Olha lá, essa chamada era a cobrar no destinatário, ou ficaste sem pilim para cachar no fds?
12 vsergio // Dec 19, 2006 at 19:23
Depois dum dnf daqueles que log é que podias ter feito? Isto claro!
Nem de Land Rover conseguiste chegar a ela como deve de ser? Saiste-me cá um croimo!
Leave a Comment