Eu, apaixonado por Buenos Aires me confesso. Desde que visitei a cidade pela primeira vez há cerca de um ano atrás, que a combinação ordenadamente caótica entre a tradição europeia e a vibração latino-americano me atraíram irremediavelmente. E, além da boa comida, bom vinho, bons sítios para sair à noite, gente bonita, muitos sítios para ver e visitar, tango, esta cidade também tem caches.
Por força das circunstâncias, sempre que estive em Buenos Aires, acabei por ficar hospedado na zona de Puerto Madero e da Praça San Martin. Se a área da Praça é tipicamente do final do séxulo XIX e inícios do XX, com bonitos edifícios de 5, 6 andares de traça soberba e discreta, Puerto Madero corresponde um pouco às Docas lisboetas, com um cheirinho de Expo – é uma área em que os antigos armazéns portuários foram adaptados a bares e restaurantes, defronte de altos e esguios prédios de traça moderna, bordejando uma doca de quatro quilómetros de comprimento, pejada de embarcações de recreio e cruzada por pontes a ligar as duas margens. É uma zona óptima para correr de manhãzinha (até porque é bastante segura), e em que se pode encontrar uma cache urbana de 700 em 700 metros, votada a razões diferentes e específicas (um exemplo – Majo y Zou (BUE) Cache).
Se ignorarmos a cidade e olharmos para o rio (o gigantesco Rio da Prata, com os seus mais de 40 quilómetros de largura, até ao Uruguai, que não se chega a ver da cidade), neste sítio, encontramos uma pequena reserva natural, uma zona húmida, que se mantém mesmo junto da cidade. É uma área que está também aberta à população, para seu usufruto, por caminhos largos abertos entre a vegetação cerrada. Também aqui se encontra (pelo menos, apesar de ter sido um DNF para mim) uma cache (Into The Wild (BUE) Cache), diferente porque não urbana – uma apetecível variação do que se encontra quando voltarmos ao centro.
E, por falar em centro, porque não dar um salto à zona de Recoleta? Esta área deve o seu nome e é famosa pelo seu cemitério, em que a riqueza da arquitectura e desenhos dos jazigos reflecte a importância e fortuna de quem lá foi sepultado. Se ligarem o GPS lá dentro, podem aproveitar e procurar a micro que por lá se encontra (Recoleta Cemetery (BUE) Cache) – mas nem isso vos vai ajudar a navegar pela labiríntica rede de caminhos por entre os sepulcros. Depois, podem aproveitar e gozar os prazeres do regateio no mercado que todos os dias se abre em frente ao cemitério, no parque, ou beber um mate (espécie de chá argentino) e deglutir um alfajor (tipo de bolo tradicional, com chocolate e doce de leite, que explica parte dos quilos que ganho de cada vez que lá vou). Por perto, se quiserem, há também uma virtual (Buenos Aires Monumental Cache), a mais antiga cache de Buenos Aires, a que podem dar um salto, para apreciar uma bonita estátua (e mais não digo para que não seja spoiler).
Um bairro da cidade a não perder é Palermo, com a sua grandiosidade monumental, expressa em grandes avenidas boulevards ao estilo europeu, encimadas por magníficas estátuas e bonitos edíficios. Definitivamente obrigatório deveria ser dar um salto ao hipódromo de Palermo – um edifício muitíssimo bonito! É também nesta zona que se encontram os “Bosques de Palermo”, jardins refrescantes e muito frequentados ao fim-de-semana (nota: não ir lá de noite…), ideal para corridinha de final de tarde… ou uma cache rápida (Pedestrian Bridge (BUE) Cache ou Jardin Japones) para dar um gosto geocacheano a um dia turístico! Em seguida, uma boa possibilidade é percorrer os sub-bairros boémios de Palermo-Soho ou Palermo-Hollywood, jantar numa agradável e descontraída esplanada um “ojo de bife” ou um “bife chorizo” acompanhado de um bom tinto Malbec (e esta combinação explica os restantes quilos que ganho…), para rematar com um espectáculo de tango ou teatro na Avenida Corrientes.
Da próxima vez que visitar a cidade, tenho que ir um dos bairros mais carismáticos da cidade (que ainda não visitei…) – Boca! Esta zona da cidade (de onde é oriundo o famoso clube de futebol Boca Juniors, com o seu mítico estádio, “La Bombonera”, pelas semelhanças com uma caixa de bombons) é famosa pelo seu “Caminito”, uma rua estreita com bonitas e variadas casas de cores berrante – “very typical”!
Buenos Aires é uma cidade particularmente rica e agradável de visitar – para mim, estes adjectivos pecam por curtos, porque confesso-me “louco” pela cidade. Não é uma cidade cara em termos de alimentação e alojamento (o euro está forte, e isso ajuda muito). Falar (ou arranhar) o castelhano ajuda e muito (mas atenção ao sotaque argentino), porque o nível de inglês que vão encontrar nas ruas é muito reduzido. O tema da segurança é também algo sensível – eu nunca tive problemas na cidade, mas convém ter sempre alguma atenção, não dar nas vistas em termos de alguns pertences e perceber sempre em que local estamos e o que nos rodeia. Mas, é uma boa cidade para combinar geocaching urbano com uma estadia tipicamente turística!
P.S.– Ah! E, quem lá for, pode depois apanhar o “buquebus” (ferry) e atravessar o Rio da Prata para Colónia, uma pequena cidade defronte de Buenos Aires (acho que a travessia demora cerca de duas horas). Tem dois atractivos – para já, podem colocar mais uma bandeirinha no vosso mapa geocacheano (por exemplo, nesta, que é a mais próxima – El Castillo – ou nesta – Vineyard Cache – Wood and Wine ), pois Colónia é no Uruguai (nota: têm que alugar um carro para fazer as caches ou pedalar muito…); depois, Colónia não é mais que a Colónia de Sacramento, uma cidade portuguesa que foi fundada para contrabalançar o poderio espanhol na região, e que sucumbiu ao ataque de uma frota castelhana enviada de Buenos Aires. É património mundial da UNESCO e, apesar de muito destruída, acreditem que ainda se sente um ‘gostinho’ português.
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