global trekkers found Valley of Darkness [Gerês]

global trekkers - 2012/08/26

Este log ganhou o concurso de melhores logs de Julho de 2012.

#2720
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Grande aventura na serra do Gerês na companhia do Jorge!
Pois é: ainda há malucos que vão de propósito de Lisboa ao Gerês só para fazer uma cache: esta! Na verdade, toda esta aventura foi muito mais que uma cache: foi uma caminhada memorável nas mais altas montanhas do Gerês, no reino do silêncio e das paisagens arrebatadoras que nos fazem encontrar connosco mesmo e nos fazem elevar o espírito para patamares muito para além desta realidade mundana.
Tudo começou logo no dia em que esta cache foi publicada: a juntar às “masters” do PNPG, eis que surge uma nova cache que nos propunha (mais) uma grande caminhada pelos altos picos das montanhas do Gerês. Desde esse dia que a vontade de a procurar era muita, mas ora por não haver muito tempo disponível, ora por vivermos em Lisboa, ora por na altura da publicação já termos definidas as férias de verão noutros locais, a busca foi sendo adiada..até hoje! Com os 40 anos feitos na passada 5ªf, tinha de oferecer-me a mim próprio um presente de aniversário digno de ficar na memória, e nada pois como uma memorável caminhada num dos locais que mais gostamos de estar.
Feitos os preparativos para a aventura, partimos de Lisboa na 6ªf final da tarde rumo ao Porto, para casa dos nossos amigos Helena e Jorge, o último dos quais iria acompanhar-nos nesta demanda, ele que connosco já percorreu outras tantas inesquecíveis aventuras. Depois de uma bela refeição e de um curto concerto ao ar livre na casa da Música, foi altura de rever o equipamento/procedimentos finais antes do grande dia.

01 770b1569-1db0-417e-a2f5-65800ba1e7b5A manhã de Sábado acordou algo nublada e com uma óptima temperatura para caminhadas. Às 7h30 deixámos a cidade invicta rumo à aldeia de Fafião onde finalmente chegámos por volta das 9h30. Estacionámos mesmo ao lado do campo de futebol, local já marcado por análise prévia em GE e após vestido o demais equipamento (botas montanha, mochila, comida/bebida,..) partimos à descoberta do desconhecido.
A primeira etapa foi chegar ao waypoint do início do trilho, que ainda distava uns 800m. Uma ou outra dúvida nos assaltou sobre qual o melhor caminho a seguir, pois por vezes o trilho desaparecia…mas nada que um pequeno corta-mato não resolvesse. A partir daí foi seguir a bússola até ao primeiro ponto da multi-cache, que pela análise das curvas de nível nos indicou que o caminho a seguir seria pelo flanco da montanha e não pelo rio. Sempre seguindo as mariolas, fomos apreciando o magnífico cenário de todo este belíssimo vale, em particular a grandiosidade da garganta de enormes paredes verticais lá mais à frente, e que não deixava de captar a nossa atenção. Uma pequena pausa para beber água e repor energias e eis-nos de volta ao caminho para enfrentar mais umas quantas subidas e descidas.

 

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Foi com satisfação que atingimos finalmente o primeiro ponto e ali nos detivemos a apreciar a paisagem..não sem antes encontrar a primeira cache Smile. E foi com espanto que após introduzirmos as coordenadas, verificámos que o ponto seguinte estava…a escassos 250m. Hummm… tão curta a distância é porque vem aí “coisa dura”, logo pensámos.
E foi de facto umas escassas dezenas de minutos até ao ponto seguinte. Aqui a paisagem mudou bastante, pois estávamos agora a descer a montanha até ao leito do rio, com a parte final a obrigar a alguns cuidados redobrados para se evitar algum entorse inesperado. Qual não foi o nosso espanto, quando no meio do nada, encontrámos uma pequena ponte – a ponte da Matança – que atravessava o rio. Que cenário idílico todo aquele rio de águas transparentes cercado por este vale encaixado, não de trevas, mas de uma luz muito intensa e persistente. Tempo ainda para observar um cardume de trutas – excelentes bio-indicadoras da qualidade da água – a partir da ponte, antes de nos dedicarmos à procura da segunda cache, que estaria a escassos metros na outra margem. Agora sim, iriam começar as dificuldades…

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uma pausa nas alturasna ponte da matanca

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Foram vários os minutos à procura da segunda cache, mas sem qualquer sucesso. Tendo em conta que a hint era bastante clara,ficou logo claro que íamos ter problemas. Só nos demos ainda mais conta disso quando lemos em detalhe os últimos registos e verificámos na altura já reportavam o mesmo problema. Foi aqui que o desânimo se instalou no grupo. Todo o planeamento, toda a viagem, toda a aventura posta em causa…simplesmente porque o segundo contentor estava desaparecido, mascararado em registos de found, e que obviamente não despoletaram a nossa atenção para algo que eventualmente não estivesse bem. E foi aqui, no pior dos momentos, quando a desilusão de uma viagem infrutífera se encontrava estampada nas nossas caras, que ainda tive uma réstea de esperança. O plano era simples: um de nós subia a montanha até obter rede de telemóvel e tentava contactar um dos últimos geocachers que estiveram no local em busca de informação adicional. Inicialmente correu tudo bem: GT contactaram geocacher X o qual deu informação de contacto de geocacher Y. Este por sua vez deu informação de contacto de geocacher Z. Contudo, ao contactar geocacher Z, fiquei sem saldo!!! Toca de descer tudo até ao rio, e voltar a subir novamente, agora com o Jorge e o seu telemóvel. O coração já batia a 1000 à hora, entretanto. Contactado com êxito o geocacher Z, logo nos foi confirmado o problema do segundo contentor. Graças à sua amabilidade que muito agradecemos, iriam em breve ser-nos enviadas as derradeiras coordenadas da cache. Não posso deixar aqui de mencionar que foi uma sorte do outro mundo naquele momento ter conseguido contactar com estes 3 geocachers, e de todos eles estarem disponíveis. Muito obrigado desde já pela ajuda prestada!
novamente a subirCom o ânimo restabelecido por finalmente termos a hipótese de fazer uma caminhada com destino certo (pior que um DNF, é andar sem rumo nem destino, pois só tínhamos trazido esta cache impressa), altura para novo revés: ao saltar de uma pedra para outra no leito do rio com o propósito de arranjar um bom spot para almoçar, eis que a Cândida deixa cair a máquina fotográfica numa pedra e a partir daí dentro de água! Adeus máquina fotográfica! Salvaram-se contudo as fotos no cartão como agora constatei quando escrevo estas linhas..e ainda bem que o Jorge tinha trazido máquina dele para documentar fotograficamente o resto do passeio.
Toca a comer pois e começar a subir para o outro lado da montanha que esta ponte já deu azar quanto baste. E assim iniciámos nova fase de ascensão, sem saber para onde iríamos. Apenas sabíamos que tínhamos de subir rumo aos altos cumes. As coordenadas, essas, poderiam chegar a qualquer momento via sms. Toda a nossa atenção estava pois colocada num simples bip-bip que poderia surgir a qualquer altura..
E foi passados uns 40 min após abandonarmos o local do segundo ponto que finalmente o telefone tocou e com ele a voz do geocacher Z a transmitir-nos as coordenadas finais e o eventual procedimento de re-colocação do segundo ponto que acabou por não vir a acontecer, como depois se verá. Entretanto, e uma vez que até este momento não vínhamos a seguir qualquer coordenada, acabámos por nos desviar um pouco do trilho, o que nos custou uma boa dose de cansaço extremo, pois tivemos de contornar uma enorme parede e rumar mais para cima a fim de evitar mais longas subidas e descidas acentuadas. Altura para uma paragem estratégica – mais uma entretanto das muitas que efectuámos – para beber água que o sol a esta hora (14h30) é mesmo implacável. À medida que íamos percorrendo o trilho, iam ficando para trás as árvores e demais vegetação, para agora darem lugar ao reino dos blocos erráticos, das pedras, da alta montanha onde impera o silêncio e onde a vista para o horizonte é um verdadeiro regalo para os sentidos. Ahh, este é mesmo o verdadeiro Gerês! A chegada ao ponto final aconteceu por volta das 17h, num local absolutamente fantástico de cortar a respiração.

reino do silenciopausa para descansarestranhas formas
no topo2animais da montanharefresco

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Vales a perder de vistas, encimados por altas montanhas graníticas no fundo das quais onde corre o respectivo curso de água, agora nesta altura do ano, transformados quase numa sequência de pools e pequenos riffles. Que magnífico enquadramento!! Este foi de facto o ponto alto desta caminhada que nos levou a percorrer todas estas belas serranias, que valeu todo o tempo, esforço e dinheiro empregue nesta demanda.
Depois foi o regresso: um longo regresso que durou umas 3h30. A ideia seria utilizar o caminho de ida, encontrando depois um desvio apropriado para o segundo ponto junto ao rio, para desta forma colocarmos um pequeno contentor no local com as coordenadas finais. Tal não veio a acontecer por duas razões: a primeira porque copiei as coordenadas finais para cima das coordenadas do segundo ponto (chegámos até a ter as coordenadas desse ponto fotografadas, mas como ficámos sem a máquina entretanto..nada a fazer!). A segunda porque nunca encontrámos o tal trilho que aí nos levaria, e cuja ausência nos fez inicialmente progredir em corta-mato ao longo de uma penosa subida conforme já relatado. Resultado: acabámos por cruzar o rio numa estrada de terra muito mais a jusante da ponte da matança (segundo ponto), depois de entretanto várias tentativas goradas para cortar caminho. Foi pois um trilho de regresso com mais uns 2-3 km em cima, relativamente ao da ida. A chegada ao cachemobil, perto do campo de futebol da aldeia de Fafião, deu-se por volta das 20h30, portanto 11 horas depois da partida do mesmo local. Mais mortos que vivos! Mas com uma imensa alegria estampada nos rostos! Faltava só fazer a viagem para o Porto (e na manhã seguinte para Lisboa), com alguns sustos pelo meio causados pela condução tresloucada de imigrantes das aldeias vizinhas. Finda a aventura, não podemos deixar de agradecer em especial:
– à Helena e Jorge, por nos terem recebido em sua casa no Porto. Ao Jorge também pela companhia em mais uma aventura memorável (ainda há muito Gerês para conhecer, amigo!)
– aos geocachers X, Y, Z (transmitirei a cada um deles pessoalmente o nosso agradecimento). Sem a vossa ajuda, nada disto tinha sido possível. Mais uma vez, o nosso muito obrigado.
– aos owners, pela qualidade da caminhada proporcionada que é um bálsamo para os sentidos.

Esta é mesmo uma caminhada “à Gerês”!!

no topo

 

 

 

 

1 response so far ↓

  • 1 TreasureHunterPt // Oct 8, 2012 at 18:02

    Que vontade de pegar no carro e ir até ao Gerês!

    Belo relato de aventura!
    Uma questão, os containers já estão todos recolocados correctamente?

    Abraço e parabéns!

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