Depois de um dia calmo, finalmente chegou a altura de subir ao pico mais alto de Espanha e arredores: o Teide.
Ele domina toda a ilha de Tenerife e solidamente domina a paisagem que o rodeia. Com todo o seu tamanho, o Teide é extremamente afiado e no seu cume não há espaço para muita gente. Isso significa que o acesso exige uma licença, gratuita, que convém pedir antecipadamente, sob pena de não se conseguir passar dos pouco mais de 3500m.
O nosso plano inicial consistia em subir cedo ao Teide, via teleférico, até à cabine telefónica mais alta da Europa e o restante da única forma possível, a pé. O regresso seria por trilho, até ao carro. Infelizmente, o trilho de descida estava fechado devido a gelo.
Tivemos de comprar bilhete para o regresso, mas antes deu para passear um bocado até ao miradouro para o Pico Viejo. Ficámos algo surpreendidos com o cansaço induzido pelo ar rarefeito nesta altitude, mas não ficámos surpreendidos com o frio que mantinha ainda muitos pontos de gelo um pouco por todo o lado. Ao contrário de muitos visitantes que pareciam vindos directos dos 23 graus da praia e tremiam de frio enrolando-se em tudo o que arranjavam, as várias camadas de roupa mantiveram-nos minimamente quentes, e a “mão das fotos” mantinha-se aconchegada no bolso, saindo apenas o mínimo necessário.
Pelo menos, no topo do Teide, as fumarolas ainda dão para aquecer os dedos gelados, se não se importarem com a humidade e o cheiro a enxofre.
A vista não era límpida, devido às nuvens baixas, mas lá está-se no topo do mundo, com 360 graus de visão. Mesmo a esta altitude, encontrámos umas lagartixas, aqui sem falcões que as cacem. Talvez por isso sejam menos medrosas e já se tenham habituado a que no meio de tanto bicho de duas patas, lhes calhe sempre algo que se coma.
Com uma passagem pelo abrigo quentinho do “foyer” das casas de banho, descemos, drasticamente até às profundezas de uma barragem que permanece um monumento ao desperdício público. Não lhe falta a placa de indicação do acesso por um estradão completamente degradado, nem sequer o monumento evocativo que lhe é sombranceiro, silenciosa testemunha envergonhada.
Na verdade, nem lhe falta o guindaste e monte de material que participaram na sua construção. A esta barragem só lhe parece faltar as turbinas e a água que a encha… Sorte a nossa, que nos permitiu uma visita pouco comum a estas estruturas.
A surpresa no cenário, foi um escalador que numa parede do vale ascendia por uma parede que nos parecia impossível de subir, enquanto o colega zelava pela segurança.
Um dia de altos e baixos, todos de alto nível e levados ao extremo!
0 responses so far ↓
There are no comments yet...
Leave a Comment