Entries from category 'Histórias na busca'

O Lynx das Cavernas

Ricardorsilva - 2006/09/25

Gotcha!

Uma grande cache, feita em grande companhia, e que, de momento, merece o epíteto de mais desafiante de todas o que fiz até hoje! (quer dizer, excluíndo as DNFs, mas mesmo essas não passei 5 horas a tentar encontrá-las, portanto…). Este artigo resulta directamente do mail do ‘Cachapim’ a ‘intimar-nos’ a mim e ao MAntunes a escrever sobre esta ida. Cada um de nós está a ‘martelar na teclas’ neste momento (na realidade, o meu artigo é muito mais uma sessão de ‘copy-paste’ do log na cache – considerem-se avisados), e vai ser giro comparar as 2 visões sobre a mesma caçada!

Às 9h10 (10 minutos de atraso…) estava a chegar às bombas da Galp da 2ª Circular, ao pé da Portela, onde o MAntunes já estava à espera. Uma rápida confirmação de que seríamos só mesmo os dois e ala para a cache.

A primeira micro não foi difícil de encontrar (se bem que o meu GPS me teimasse em levar para longe do sítio certo). Lida a pista e anotadas as coordenadas nos 2 GPSr, tive a nítida sensação de que a partir de agora é que era. Deixávamos a civilização e os nossos papéis de homus civilizadus para rapidamente assumirmos a condição de homus bosquensis, à medida que nos embrenhávamos no meio do mato, que fazia lembrar Sintra, seguindo a pequena linha de água. Uns metros mais à frente, uma viragem à direita para irmos espreitar o algar, visto de cima. Nenhum de nós tinha equipamento de rappel, portanto, esse caminho estava-nos vedado, mas quisemos ir admirar o obstáculo de cima, o que também serviu para nos orientarmos sobre ´onde é que vamos ter que chegar´. Confesso que, e o MAntunes é uma boa testemunha, encolhi-me todo quando cheguei à beira da escarpa… Ainda deu para admirar as amarrações de escalada (e seriam também de rappel?) que estavam na parede, perfazendo um caminho absolutamente vertical até lá abaixo. O pensamento que dominava o meu cérebro era qualquer coisa como “E queriam aqueles loucos que eu viesse aqui fazer rappel com eles!!!”

Bom, mas esse não era o nosso caminho, portanto, toca de voltar para trás, pelo meio do mato e confiar na experiência anterior do MAntunes nesta cache – tinha ficado algumas dezenas de metros à frente da bifurcação. Lá chegados, “e agora?”, mas lá descortinámos um caminho pelo calcário, à beira do precipício e, passados uns minutos e ainda a contar os arranhões nos braços, lá encontrámos a entrada da primeira caverna – magnífica, com o seu tecto caído, formando o algar que tínhamos admirado de cima! Ainda ficámos a olhar um dos possíveis locais de descida (que penso ter sido o usado pelos Rifkindiss, Rebordão ao quadrado, Almeidara e BrunoNF) e a via com os pontos colocados na parede oposta (que tem uma parte com uma inclinação fortemente negativa! Algo me diz que quem vai para ali escalar, faz ´tectos´ naquele local!!!) e depois, fomos procurar a cache. O MAntunes procurou de um lado, eu do outro e, depressa, a encontrámos. Até aqui, tudo bem!

Mochilas outra vez nas costas e, aqui, respirei bem fundo. Era altura de caminhar ao longo do precipício, por uma pequena plataforma. O relato da equipa anterior falava de 2 pontos particularmente sensíveis e eu queria perceber como é que me ia safar deles! Fomos com o máximo cuidado (eu ainda mais!), sempre com uma mão na parede, a procurar apoios, à medida que progredíamos. Nos últimos 15 dias já tinha havido chuvadas (como um relance rápido para o rio confirmava!) e a rocha (e lama, e folhas) da plataforma apresentava-se algo escorregadia. Uns metros à frente, era impossível passar! Era a primeira passagem de que tinha ouvido falar, um local em que a parede estreitava ainda mais a plataforma e a progressão só era possível com um grande abraço à rocha. O MAntunes ainda ficou a olhar para ela, tentou aqui, ali, mas o chão não oferecia a segurança necessária, e começámos à procura de um lugar para descer para o rio…

Na margem, era altura de começarmos a pensar em transformarmo-nos em homus fluviensis e fazermo-nos à corrente. O Mantunes sacou de umas sandálias e eu fiquei a lembrar-me que aquele já não era a primeira vez que entrava e atravessava um rio, que no Challengers Trophy isso era ´o pão nosso de cada dia´ e que o que custava era o primeiro momento, mas depois uma pessoa acostumava-se e olha, pronto, até se fazia. “Arre! Está fria!” – obrigado pelo momento de incentivo, Manuel, e lá vou eu também!

Lá está, o que é estranho são os primeiros metros. Depois, uma pessoa habitua-se à sensação de ter os ténis absolutamente afundados em água, com areia a entrar lá para dentro e ervas aquáticas a prender-nos as pernas. E ainda bem que uma pessoa se habitua, porque se pensarmos que ainda devemos ter feito uns 300 ou 400 metros por dentro de água… Claro que o Manuel parecia nas suas 7 quintas, sondando o leito do rio (já vos disse que choveu e aquilo estava mais profundo do que estava à espera?) com o bastão (bendito bastão, que tanto jeito me deu em ´n´ ocasiões), enquanto eu rapidamente decidi que não valia a pena tentar arregaçar as calças como se tivesse sido apanhado numa cheia súbita em Alcântara – e adaptei-me à ideia… (claro que a palavra “sanguessugas” ainda me cruzou a mente duas ou três vezes, mas uma piada do MAntunes tirada do nada, e que revelava que também estava a pensar no mesmo, deu um contexto geográfico à questão, e como não estávamos no Cambodja nem encontráramos o Chuck Norris em busca de desaparecidos em combate, parecia que as sanguessugas não nos iriam encontrar também)

GPS ligado, a apontar para a margem errada, era altura de começar a procurar um local para sair do leito do rio. Dito e feito. “E a entrada da caverna, viste?” “Não, mas deve ser para cima.” E lá fomos nós por ali fora. Estávamos convencidos de que, a dada altura, encontraríamos a plataforma de calcário que tínhamos começado a percorrer uns largos minutos antes, e que ela nos conduziria até à caverna – simples! E, portanto, lá fomos nós por ali acima, agarrando-nos a troncos, rochas de calcário, a um bastão enviado como auxílio de última instância (obrigado MAntunes!), desviando silvas, carrascos, troncos de árvore, escorregando pela lama, folhas, troncos partidos que ofereciam enganosos e falsos apoios. Da plataforma nada. Mas encontrávamos vestígios, pegadas, de que alguém teria andado ali antes de nós, portanto, e apesar da dificuldade do caminho que abríamos, continuávamos convencidos, quais homus trepadensis, que por ali é que era! E subíamos! Até à altura em que, aproveitando finalmente uma aberta na vegetação cerradíssima (fartei-me de pensar na tesoura de poda dos Rebordão), olhámos para trás (e para baixo). Estávamos praticamente à altura do topo da falésia da margem oposta. Estávamos uns bons 40 ou 50 metros acima do nível do rio e claramente fora do nível da caverna! Tínhamos seguido uma má abordagem.

Aproveitámos e sentámo-nos na pedra gigantesca que tínhamos acabado de trepar e, enquanto ligávamos os GPSs (com aquelas escarpas e vegetação de pouco tinham servido até ali), recuperávamos forças (barras energéticas “kick ass!”) e estudávamos o terreno. Olhando agora para trás, acho que este momento foi absolutamente chave – foi o momento de respirar bem fundo e pensar no que é que tínhamos feito, o que tínhamos feito mal e o que poderíamos fazer para corrigir os nossos erros. Percebi que estávamos alinhados em termos de orientação e que, se dúvidas tivesse ainda, falávamos a mesma linguagem – cotas, abordagens, orientação – debruçados sobre uma carta militar num pequeno PDA. Apesar de termos cometido um erro de excesso de entusiasmo a trepar, não tínhamos perdido a capacidade de orientação e de raciocínio e delineámos a estratégia para encontrarmos a cache. Adivinhem! Boa, vocês são geniais! A estratégia era… descer até lá abaixo outra vez e encontrar outro caminho!

E assim foi! Descer, descer, descer, descer (homus descendis) por vezes agarrados a pedras e árvores, outras a confiar na mistura de lama, rocha e folhas sob os nossos pés (na realidade, não confiávamos assim tanto), com as silvas a agarrarem-nos constantemente (qual ponto por excesso de velocidade em carta de condução). Mas chegámos até lá abaixo! “E agora, outro caminho?” “Talvez trepando por esta rocha de calcário” foi a resposta do MAntunes. Subir aquela rocha foi-lhe difícil (e eu nem queria pensar como iria fazer…) mas lá conseguiu e, foi ´bater´ aquela zona. “Parece-me que acertámos!” e foi a minha vez de tentar subir. Definitivamente, não foi fácil, com os ténis encharcados e enlameados a não ajudarem a encontrar apoios para os pés, e a obrigarem a que a subida fosse 80% braços e o restante o apoio do meu teammate com o seu bastão metálico (à segunda tentativa, porque na primeira aprendemos que a extensão do bastão não aguenta com um peso seco de 70 kgs…). Olhando para trás com um dia de distância, acho que aquela subida significa que tenho que voltar aos treinos de bouldering no Rocódromo (‘Tou Perdido’, se chegaste até este ponto do relato, um grande abraço!)

Por fim, a caverna! E a cache! Gotcha! O almoço, às 15h (4 horas depois de sairmos do carro!!), foi tomado, qual homus cavernensis, dentro da gruta (fabulosamente grande, aqueles morcegos têm ali um T4 duplex à maneira, se o Cláudio tivesse ido connosco ainda a esta hora lá estava, a explorá-la!), ao abrigo da terrível chuvada que entretanto começou a cair. Só faltava mais essa para o caminho de regresso para o carro!

Só gostava de deixar 3 pequenas notas:
1) Cache magnífica, o owner está verdadeiramente de parabéns!
2) MAntunes, obrigado pela companhia. Tenho a perfeita noção de que seria impossível fazer a cache sem um excelente teammate – e como a conseguimos fazer, acho que o foste!
3) Esta cache é um must do! Mas não a façam sózinhos e tenham atenção ao tempo (chuva = água = solo escorregadio e caudal do rio em alta!).
Ponto extra) Não vale a pena tentarem contar os arranhões à saída da cache…


O troglodita das cavernas

MAntunes - 2006/09/25

Bem… fui intimado a reproduzir aqui a história da caçada à cache “Homem das Cavernas”…

Ainda argumentei que não a tinhamos abordado como era sugerido (rappel e escalada) e que outros já lá foram antes e também não tinham contado a sua história aqui e eu não queria dar destaque ao meu log e …bláblábla…

Contra-argumentaram com vivacidade e persistência e eu, antes que levasse com uma Francesinha na cabeça, aceitei logo a sugestão!  

Para não ser “mais do mesmo” revi o texto e adicionei alguns pormenores que me tinham escapado no meu log de ontem.

Assim;

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Expedição Scientifica à Serra da Estrella

2 Cotas - 2006/04/19

Expedição Scientifica à Serra da Estrella
1881 -2006
125 anos

(Uma “aventura em gestação” d’Os Cacheiros Viajantes)
…vai encontrar um local com um marco, conhecido por Cume (1858 m), também conhecido por Planalto da Expedição, onde acampou, no Verão de 1881, o grupo de cientistas da Sociedade de Geographia de Lisboa liderado por Hermenegildo Capelo. O desconhecimento da Serra da Estrela era tão grande que mereceu exploração e estudo, qual África no meio de Portugal.

Até ao fim do século passado, uma ascensão ao cume da serra era ainda uma arrojada aventura. (…) A Lagoa Escura, a uma altitude de 1560 metros, assim chamada por serem escuros os seus contrafortes graníticos, tem uma água frigidíssima, mesmo no Verão, o que poderá explicar acidentes ocorridos a afoitos nadadores, e donde terá resultado a lenda de que ninguém lá podia nadar, sob pena de ser puxado por mão invisível. Anexa às lagoas Comprida e Escura está a ridícula lenda do Olho Marinho, (…) segundo a qual essas lagoas comunicavam com o mar, e quando havia tempestade essas lagoas subiam e desciam como as marés, e era frequente lá aparecerem cascos de navios naufragados… Verificou-se de facto uma variação de nível das águas das lagoas, mas foi atribuída ao degelo, e os cascos de navios não são mais que troços de zimbro arrastados pela corrente. (…)

Só com a referida Expedição Científica, de 1881, se conjuraram as lendas e mistérios da Serra da Estrela. Todavia, ainda há pouco mais de cinquenta anos, sem qualquer estrada para os Cântaros e para o planalto da Torre, uma ascensão ao cimo da serra tinha o sabor da aventura e da descoberta, pois só podia ser feita a pé por veredas através de penhascos ladeando precipícios.

Nota: Após uma memorável expedição na Serra da Estrela, percorrida a pé vai para quase duas décadas, Os Cacheiros Viajantes aproveitam o fim-de-semana do feriado de 25 Abril para voltar à Serra Mãe, tentar conquistar algumas caches “míticas” e colocar uma cache comemorativa dos 125 anos da Expedição Scientifica à Serra da Estrella.


Expedição à Média Fronteira. A Verdadeira História

Bargao_Henriques - 2006/02/11

Tudo começou há uns 2 meses, quando comecei a ficar com um certo formigueiro, causado pelas saudades de uma caçada em grupo…

Há muito que tinha as caches “Far away, so close” e “El Buraco” debaixo de olho, por isso as peças do puzzle foram-se juntando aos pouco e nasceu a ideia para a “Expedição à Média Fronteira”!

Depois de falar com o meu colega Daniel, que prontamente assegurou que iria, apresentei brevemente a ideia num meetup. O passo seguinto foi lançar o convite de forma mais generalizada, num forum deste site.

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Geocaching na Big Apple

SUp3rFM - 2006/01/10

Um dos nossos sonhos era vistar Nova Iorque e estar numa das maiores celebrações do Ano Novo, em Times Square. Os dois objectivos foram conseguidos sem grandes complicações. Porém, o bichinho do geocaching já se apoderou de nós há algum tempo e esta era uma oportunidade de ouro para procurar os tupperwares noutro país, convivendo assim com outras realidades deste jogo.

Dado que ficámos na baixa de Manhattan, junto a Wall Street, sem carro, restringimos o geocaching apenas a zonas onde facilmente poderíamos chegar de metro. Uma das zonas nobres e obrigatórias era naturalmente o Central Park, “rico” em caches. Outra área com algumas caches era a zona de midtown. No total, preparámos uma busca a 21 caches.

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Bang! Bang! Perseguido pela Máfia

HDV - 2005/12/06

É madrugada, junto a um dos mais afluentes hotéis de Lisboa – o Meridien – um personagem queda-se pacatamente debruçado sobre uma caixa da EDP, escrevinha. De repetente passa um carro, cinzento-prateado, de potente cilindrada, o motor roncando, houve-se um estrondo. Um tiro? O fulano vira-se e – não! – descobre que acaba de levar com um… ovo em cheio no casaco!

Pois é meus amigos, a «máfia» controla o Parque Eduardo VII, à noite não há pela evidência movimento que lhes escape. Calemos tudo o que a musa antiga canta! Silvas? Penhascos? Paisagens deslumbrantes? Nã! O geocaching tem muito, muito mais emoção para nos dar!

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O Oculto à Vista e o Geocaching

danieloliveira - 2005/11/02

Já repararam nos sinais da prática do oculto em vários locais perto de algumas caches?
Gostaria de partilhar com vocês algumas das coisas mais “esquisitas/estranhas, fora do comum” que encontrei até agora nesta maluqueira do geocaching. Quero também que partilhem comigo e com todos algumas das coisas estranhas que já viram.

1.      Esta primeira foi na caçada à paleovulcano do MAntunes (GC9ACE). Fui lá com um colega meu, entretanto já reformado, e deixámos o carro no alcatrão e logo à entrada do caminho estava uma colecção de panos encarnados e pretos com montes de velas partidas e espalhadas por todo o lado. Também estavam uma data de grãos de milho e moedas de denominação pequena espalhados por cima destes. Havia também vestígios de um liquido escuro, já seco, que não pude confirmar ser sangue ou não porque tinha-me esquecido do meu kit CSI em casa (vejam a foto). Terá sido algum ritual para facilitar a busca da dita cache ou foi alguém que não a encontrou e queria tratar da saúde ao MAntunes :)?

2.      A segunda deu-se no campo de lapiás do PH (GCHJ8R) ou no campo do limite da perversidade uma vez que só há símbolos fálicos para onde quer que se olhe (ehehehe :)). Logo à entrada do caminho, lá estava uma tigela com cerca de 30 cm de diâmetro, mais uma vez cheia de um liquido escuro, já seco, com uma vela no meio (tipo bolo de anos) e uma garrafa de cachaça.  Afastado cerca de 2.5 m, estvam os restos das penas de uma ave (galinha?) e umas manchas de sangue.

3.      Na caçada do lunchtime gang com o BTrodrigues à Vinhos da Arealva do GlorfindelPT & Elektra (GCQKTV) lá estava um grande pentagrama escarrapachado no chão. Aquilo deve ter sido algum ritual para colocar uma praga aos nabos que deixaram ali tantas garrafas e pipas de vinho VAZIAS!

4.      Na última caçada (muito atribulada, devo dizer que pensei que tinha que pedir um GPSr novo ao Pai Natal … bem, lá em casa tem de ser à Mãe Natal) à Dragon’s Lair do lynx pardinus (GCR2PG), debaixo de uma pedra plana, encontro um saco a envolver outro saco (não, não era a cache). Dentro do saco, encontro dois discos de cimento finos, no meio dos quais se encontravam 2 folhas de papel vegetal. No meio desta sandes, havia montes de fragmentos de vidro e um bilhete que dizia: ”isto é para o José Batista para que fique bloqueado e não me faça mais mal no serviço.” Voltei lá uns dias depois armado de máquina fotográfica para fotografar a ocorrência mas o remexer por outros cachers ou animais e a chuva que caiu durante dias, deram cabo do bilhete.

Existem mais ocorrências que já testemunhei mas estas chegam para dar uma indicação. Para os morcegos que gostam de caçadas nocturnas vejam lá não interrompem alguma coisa parecidas com estas …..:)eheheh:)!

Daniel de Oliveira


"From Heavens to Spiders Expedition"

MAntunes - 2005/10/25

E o grande fim de semana finalmente chegou!

Depois de todos os preparativos iniciados logo após os logs dos Cacheiros, que me deram a ideia de dormir na zona, decidi avançar para a tentativa de visitar a recente mas, desde o início, muito apetitosa cache “Tou às Aranhas”, enviando e-mails a convidar outros geocachers para irem comigo.

Comecei pelos que me tinham acompanhado o ano passado à “Fenda da Calcedónia” e eles responderam logo “Presente!”. 🙂

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Uma Aventura na Lagoa I – A caçada

clcortez - 2005/10/05

No fim de semana passado ( 1 e 2 de Outubro 2005) peguei em mim, na BTT, num colega e na sua respectiva e fomos procurar uma cache que apesar de ser a 4ª cache mais antiga de Portugal ( setembro 2001) é uma das que menos visitas tem. Merecia esta visita e lá fomos.

Depois da minha visita às Minas de S.Domingos a 2 de Setembro ultimo ( onde fiz duas das caches ali existentes ) era inevitável o meu regresso a esta simpática aldeia para fazer esta cache e visitar acdequadamente o vastíssimo complexo mineiro.
Assim foi, ainda estava a fazer a cache do PCardoso Apocalitic Visions e já estava a combinar ao telefone com o meu colega ( cuja mãe é de lá ) o fim de semana em que viríamos às Minas fazer uma BTTzada à volta da Tapada grande, a enorme lagoa com 17 km de perímetro que se situa a noroeste das Minas e onde está escondida esta multicache![:)]

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Às aranhas no Gerês

Cachapim - 2005/09/28

Passam poucos minutos do meio-dia de sábado e vamos tentar almoçar rapidamente na Vila do Gerês. Contrariando algumas previsões pessimistas do INMG que falavam em chuva moderada para sábado, o céu está completamente azul. Diz o Ouriço-cacheiro que a previsão oficial se deve basear nas queixas de dores de costas da senhora da limpeza…

O plano é fazer a subida até às Minas dos Carris durante a tarde, estabelecer um acampamento para passar a noite, aproveitar a manhã de domingo para conquistar a cache e usar a tarde para regressar.

Esta cache do Pedro Cardoso despertou-nos atenção logo que foi colocada. Confesso que as aranhas nunca me foram particularmente simpáticas mas, depois do trabalho de pesquisa necessário para obter as coordenadas finais, passei a vê-las com outros olhos (6? 8?).

Agora que estamos prontos para iniciar a “expedição” temos um pequeno problema a resolver: não queremos dar muito nas vistas aos guardas do parque com as nossas mochilas e tendas. Apesar do campismo selvagem ser proibido, sentimos que não estaremos a causar qualquer tipo de problema pernoitando na zona dos Carris: não vamos deixar mais do que pegadas, não vamos tirar mais que fotografias…

Durante o percurso até à Portela do Homem não se pode parar o carro, portanto temos que ser muito rápidos. Esta é a curva da ponte do Rio Homem e início do estradão que nos vai levar até aos Carris. “Tirem as mochilas e coloquem-nas num local discreto! Ficam dois a guardá-las e os outros seguem até ao local de estacionamento na Portela, já depois do controlo”. São cerca de 600 m. Comunicamos por walkie-talkie se houver algum problema, “Ouriço, Ouriço, aqui Alferes, escuto…”. “Alferes, aqui Ouriço, os carros estão estacionados, já vamos a caminho com a Ouricinha às costas!”.

Começamos a subida do estradão que antigamente dava acesso às desactivadas minas de volfrâmio conhecidas por Minas dos Carris. Volfrâmio? Isto lembra-me a nossa “The Lost Nazi Mine”. O início do trilho está protegido por uma cancela que impede a passagem de viaturas mas encontramos alguns grupos a pé e outros em BTT. Muitos são espanhóis e correspondem aos nossos cumprimentos com mais simpatia do que os conterrâneos.

O trilho segue o curso do Rio Homem ao longo do vale. Para lá do rio, do nosso lado esquerdo, está a Encosta do Sol, com paisagens magníficas e que “(…) no inverno, com o aumento das chuvas, dá origem a diversas quedas de água. Do lado direito, mais sombrio, grandes fraguedos se elevam, com corgas de vegetação muito densa.” O piso é duro, muito irregular e pedregoso. “De vez em quando não há pedra…”, diz o Ouriço. As piscinas naturais do rio sucedem-se com águas cristalinas e geladas. Não podemos perder tempo com mergulhos, pois não?

Está na hora de parar na Fonte da Abilheira e aproveitar para beber água fresca. Já sentimos o peso da carga e ainda nem fizemos 2 km. Faltam mais de 7, sempre a subir. “Vamos lá, vamos lá!”. O trackback do GPS vai-nos mantendo a par do percurso, da hora de chegada e da hora de pôr-do-sol. Não queremos surpresas desagradáveis como montar acampamento às escuras a 1450 m de altitude no meio de nada.

Passa por nós um grupo com as BTT pela mão. “Quanto pesa uma dessas?”, pergunto eu. “Cerca de 14 kg”, responde um rapaz com um ar exausto, “Para cima é quase sempre pela mão”, acrescenta. Agora lembramo-nos do nosso companheiro Robin que prometeu ir ter connosco ao acampamento amanhã de manhã na sua BTT. Será que consegue chegar até lá acima? Prometemos esperar por ele até às 10 antes de atacar a cache.

Sempre a subir, sempre a subir. O declive mantém-se constante mas o tempo fresco ajuda. Passamos pela ribeira de Água de Pala e, algum tempo depois, pela ponte sobre a Ribeira do Cagarouço e, mais à frente, pela ponte sobre a Ribeira de Madorno. Estamos a meio do percurso. A paisagem sobre o vale é de uma beleza única mas temos que continuar.

Durante a marcha vou pensando nas coordenadas finais da cache, “E se eu me enganei nalguma pergunta?”. Olho para todos e imagino que nenhum dos meus companheiros coloque essa hipótese. Pelo menos por agora…

Atingimos finalmente o planalto mas ainda faltam umas boas centenas de metros. Vemos alguns antigos abrigos de pastores. Já faz algum tempo que não nos cruzamos com outros caminhantes. Estamos desejosos de chegar ao nosso objectivo mas uma terrível subida separa-nos do nosso objectivo e é só depois de ultrapassar esta derradeira rampa de calhaus que conseguimos finalmente avistar os edifícios arruinados das minas.

Surpresa! Julgávamos ser os únicos a pernoitar nas minas? Engano, um grupo já se encontra a montar acampamento e faz com que tenhamos que procurar outro local. Montamos rapidamente as tendas porque começa a ficar frio. Muito frio. Mil quatrocentos e cinquenta metros de altitude, convém não esquecer. Trocamos rapidamente a roupa suada por sweatshirts e polares para começar a preparar o jantar dentro duma casa semi-arruinada. Antes de o sol desaparecer aproveito para tentar visualizar a Nevosa. Lá está ela! Parece perto mas o percurso mais provável a partir do estudo da carta militar aponta para cerca de 2 km. O trilho está marcado com mariolas mas não sabemos bem o que nos espera amanhã.

Acordo várias vezes durante a noite. O corpo mantém-se quente mas os pés ficaram frios e agora não há maneira de aquecerem. Mais um par de meias de montanha… Espero que na outra tenda a minha afilhada Ouricinha esteja bem aconchegado no meio dos pais Ouriços. Irra… que faz frio cá em cima! Prometo a mim próprio que só saio da tenda quando lhe bater o sol.

“Bom dia!” A família Ouriço levanta-se cedo e obriga-me a quebrar a promessa. Saio para fora da tenda, já está sol mas o frio ainda é cortante. Brrrr… O Ouriço encarrega-se de aquecer água para um reconfortante café matinal, pena que o recipiente usado tivesse restos da massa com tomate do jantar do dia anterior. “Sabor exótico o deste café, não?” Desde que esteja quente…

“Vamos lá desmontar as tendas para preparar o ataque às aranhas!” Por volta das 10 da manhã, hora prevista de chegada do Robin e do irmão nas suas BTTs, temos o acampamento desmontado, as tendas escondidas num pequeno depósito de pedra e estamos prontos para partir. O Alferes Cacheiro vai para a zona de entrada no recinto das minas e deixa uma estranha e importante mensagem para os retardatários: “Spider Nest / N41ºXX.XXX W008ºXX.XXX / Os Cacheiros Viajantes”. Alguém subestimou a subida até aos Carris. Obviamente.

São 11 da manhã e decidimos não esperar mais. Ala que se faz tarde, o Robin que se desunhe. O percurso até à Nevosa começa na zona da pequena barragem que fornecia água ao antigo núcleo habitacional e o trilho de mariolas não é óbvio. Como tínhamos previsto ao analisar a carta, preferimos ir até às marcas de fronteira (P de um lado, E do outro) e rodear o vale antes de tentar a subida ao cume. A partir da linha de fronteira torna-se evidente a subida assinalada pelas mariolas. Vamos subir e aproveitamos para comer qualquer coisa perto do cume, antes de procurar a cache.

No final da subida, tentamos procurar o acesso ao cume rochoso, dividindo o grupo para explorar a vertente norte e a sul. O Alferes anuncia pelo walkie-talkie ter descoberto um caminho pela vertente norte. Vou ter com ele e a paisagem é-me familiar: “The summit rocks, go for the path here seen”. Bingo! Toca a retemperar forças antes da procura.

O Ouriço pai fica com a Ouricinha (e com as suas vertigens) neste último ponto. O resto do grupo ataca a subida e começa a procura. É preciso alguma entreajuda a trepar as rochas. A precisão do GPS é de 6 m. Não podemos falhar… E se eu me enganei nas respostas? Mas não! Cá está ela! Vitória! Primeiros a encontrar! O caloiro Alferes Cacheiro faz as honras da praxe e assina o logbook em nome de todos. Deixamos uma pequena aranha com uma ventosa para colar no vidro do carro. Uma nova espécie? Levamos um CD com fotografias do Pedro Cardoso. Quando abandonamos o local da cache, tentamos imaginar a Nevosa no Inverno que se aproxima…

Está feita, esta fantástica cache. Só que ainda faltam 2 km até aos Carris e mais 9 por aí abaixo. Embora que se faz tarde.

Chegamos ao Carris e vemos uns espanhóis a ler atentamente a mensagem que deixámos para o Robin. Geomuggles? Ou  geocachers? “Hei! Assim não vale!” Não, não… são geomuggles, definitivamente. Quando chegamos ao local percebemos que está escrita a tijolo uma mensagem por baixo da nossa, “Chegámos tarde. Vamos descer já. Robin”. Podem ter chegado tarde mas quem leva a BTT até aos Carris merece a nossa admiração. Como diria o Ali G., “Respect!”.

Começamos a longa descida com alguma tranquilidade mas o esforço acumulado começa a fazer-se pagar. A contagem do odómetro arrasta-se e temos que parar algumas vezes para descansar e hidratar. O piso é tão mau que o facto de ser a descer não ajuda assim tanto.
A Ribeira de Madorno assinala a metade da descida. Aproveitamos para refrescar e gozar a paisagem do vale, iluminada por um sol de meio da tarde.

Contrariamente ao dia anterior, não nos cruzamos com ninguém. A excepção é um pequeno grupo já muito próximo do final.

O Alferes acusa problemas nos pés e diz, “Acho que isto já passou um bocadinho a fronteira em que a dor suplanta o prazer”. Bem, pelo menos para gente normal pouco dada a masoquismos e expiações de pecados, penso eu enquanto me vou aguentando graças à mochila mais leve e à bengala da mãe do Cache-a-lote que, a propósito, foi essencial para pescar a cache. A bengala, não a mãe do Cache-a-lote!

Aproxima-se o fim tarde quando obtemos contacto visual com o início do estradão. Perfeito. Apesar de cansados, correu tudo conforme o planeado. Primeiros a encontrar, sem recorrer a pistas, tudo como deve ser. Valeu a pena o trabalho de casa. Valeu a pena a aventura. Estas “aranhas” vão-me ficar bem gravadas na memória e tive a sorte de ter a melhor companhia que podia desejar. A d’Os Cacheiros Viajantes”!



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